
Por Sulamita Esteliam
A distância – moro no Recife -, e compromissos profissionais impediram esta mísera blogueira de estar presente ao Ato Contra o Golpismo Midiático e Em Defesa da Democracia; aconteceu ontem à noite, em São Paulo, no auditório do Sindicato dos Jornalistas. Concordo em número, gênero e grau com os objetivos do evento, convocado pelo Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, com apoio dos movimentos sociais, partidos de esquerda e centrais sindicais.
Houve choro, esperneio e ranger de dentes da velha mídia, acólitos de plantão e quem ela representa. Leia o que escreve Alberto Dines, do Observatório de Imprensa, sobre a manchete do Estadão da terça, 22.
Democracia tem dessas coisas. As razões, deles, podem ser resumidas no título, entre aspas, usado por Carta Maior para a reportagem publicada sobre o ato, que transcrevo abaixo. Quanto ao título, não resisti a traduzi-lo na postagem para este blogue: nos olhos dos outros, pimenta é refresco. Leia a matéria:
“A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada”
Da redação
Centenas de pessoas participaram, ontem à noite (23), do ato contra o golpismo midiático e em defesa da democracia realizado no auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. (Fotos de Conceição Oliveira). A manifestação, organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, defendeu a mais ampla liberdade de expressão e criticou a postura da grande imprensa comercial brasileira que tenta transformar de forma falaciosa as críticas dirigidas a ela como um “ataque à democracia”.
Ao final do encontro foi divulgado um manifesto à nação, que estará recebendo assinaturas de adesão nos próximos dias. Para assinar o manifesto:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/7080
À NAÇÃO – Manifesto de artistas e intelectuais pela democracia e pelo povo
Em uma democracia nenhum poder é soberano.
Soberano é o povo.
É esse povo – o povo brasileiro – que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias Legislativas e dois terços do Senado Federal.

Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por Dilma Rousseff.
Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964. Não faltam críticas ao “populismo”, aos movimentos sociais, que apresentam como “aparelhados pelo Estado”, ou à ameaça de uma “República Sindicalista”, tantas vezes repetida em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias.
O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira. Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como “ignorante”, “anestesiado” ou “comprado pelas esmolas” dos programas sociais.
Desacostumados com uma sociedade de direitos, confunde-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas.
O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos. A velha e reacionária UDN reaparece “sob nova direção”.
Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão.
A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada.
É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa.
Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo.
Mesmo quando acusaram sem provas.
Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta.
Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos.
Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade.
Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante.
O Brasil passou por uma grande transformação.
Retomou o crescimento. Distribuiu renda. Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa. E – o que é mais importante – fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo.
Ninguém nos afastará desse caminho.
Viva o povo brasileiro.
(Fotos: Conceição Oliveira)
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Respeito a opinião de colegas que admiro e que prestam serviços inestimáveis na luta pelo direito e dever de um jornalismo ético e de qualidade, como Luís Nassif. Ele não entra no mérito pró ou a favor, mas acha que o evento “coloca mais lenha na fogueira”.
Na minha reles opinião, há horas em que é preciso dizer basta. Isso é parte da democracia: fazer valer a liberdade de expressão, consagrada em nossa Carta Magna. No popular: mostrar que a opinião pública brasileira não é cega nem surda nem muda, tem direito à informação de qualidade, e não engole mais gato por lebre.
Clique aqui para ver a íntegra entrevista de Lula ao Portal Terra, sobre as relações com a mídia. Aqui você lê um resumo da entrevista, publicado pelo blogue Os Amigos do Presidente Lula.