
Por Sulamita Esteliam
A Frente Popular por Pernambuco encerra a campanha, nesta quinta-feira, 30, com uma grande caminhada no centro do Recife. A concentração está marcada para a partir das 15:00, na Praça Oswaldo Cruz, em frente ao Sindicato dos Jornalistas e ao Teatro Valdemar de Oliveira, ponto tradicional de todas as passeatas políticas e sindicais. A Caminhada da Vitória vai cobrir a capital com a onda multicolorida dos enes partidos que compõem a frente, com predominância do amarelo-vermelho, do PSB, e do vermelho, do PT e do PCdoB. O percurso é de cerca de 3km até o Pátio do Carmo, no Bairro de Santo Antônio, também no centro, onde um comício encerra a passeata.
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Não se trata de eufemismo nem exagero, muito menos salto alto, o título do evento: Caminhada da Vitória. Eduardo Campos (PSB), candidato à recondução ao Palácio Campos das Princesas, sede do governo pernambucano, deve vencer a eleição no primeiro turno, com cerca de 81% dos votos válidos. A projeção é de dois milhões de votos sobre seu principal oponente, Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Devolve, desta feita, e de lavada, a surra que o senador e ex-governador do Estado deu em seu avô, Miguel Arraes, em 1998, quando este tentava a reeleição. À época, Jarbas colocou um milhão de votos de frente, também no primeiro turno. O velho Arraes ou Pai Arraia, como era chamado pelo povo sertanejo, já governara Pernambuco antes, por duas vezes: em 1964, quando foi deposto, preso e exilado pelo regime militar; e em 1986, quando teve em Jarbas, um importante aliado. Depois disso, ainda exerceu mandato de deputado federal pelo PSB, mais votado do estado, antes de falecer em 16 de junho de 2005.
De quebra, deve abocanhar as duas vagas em disputa para o Senado. Com a força de seu governo e de Lula. Aqui, Dilma tem 66% das intenções de votos para a Presidência da República, de acordo com o Diário Data, divulgado no dia 20; 76% dos votos válidos, contra 16% de Serra e 7% de Marina. Todos os demais candidatos têm menos de 0,5%. Os votos brancos, nulos e indecisos somam 13%
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A perspectiva da vitória de Eduardo se traduz, literalmente, na vontade popular expressa nas ruas, e captadas em todas as pesquisas de intenções de voto no Estado de Pernambuco. Até mesmo o DataFolha – que Paulo Henrique Amorim, do blogue Conversa Afiada, já rotulou de DataFalha – consegue detectar a larga vantagem do governador sobre Jarbas, deixando pouco ou nenhum espaço para os demais oponentes. Os números divulgados por três dos principais institutos na semana passada, não deixam margem para dúvidas: Ibope (73% x 16%) e Vox Poppuli (70% x 17%), dia 24; DataFolha (72% x 15%), dia 23. Os candidatos do PV, Sérgio Xavier, do PSOL, Edilson Silva e do PSTU, Jair Pedro têm 1% em todas as sondagens e os demais não pontuaram. Os indecisos estão nas faixa dos 6% e os brancos e nulas em 5%, pelo Vox.

Na corrida pelo Senado, Humberto Costa (PT) tem 59% e Armando Monteiro (PTB), 43% pelo Ibope, contra 33% de Marco Maciel (DEM). A vantagem se repete na pesquisa Vox Poppuli: respectivamente 54% HC, 45% AM e 26% MM; Raul Jugmann (PPS) – que arriscou FHC como cabo eleitoral no guia da TV – aparece com 9% das intenções de votos. Também no Data, a tendência se verifica: 37% para Humberto, 30% para Armando e 22% para Maciel; Jugmann tem 6%.
Em queda vertiginosa, a chance de Marco Maciel manter sua vaga no Senado parece cada vez menor, a despeito do alto índice de indecisos quanto ao voto para o Senado: 24%. Assim como é elevado o índice de quem pretende votar nulo: 14%, segundo o Vox.
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Diante da perspectiva de derrota avassaladora para si e seu grupo, é compreensível o estado de ânimo de Jarbas Vasconcelos, transparente em sua fisionomia. No último debate entre os candidatos ao governo de Pernambuco, antes das eleições, promovido pela Globo, ontem à noite, o ex-governador revelou-se patético. Em tom de queixa, acusou Eduardo Campos de “esmagar a oposição” e confessou ter sido esta “a pior campanha” de sua vida pública.
Na verdade, Jarbas correu risco calculado ao deixar-se “convencer” a disputar a cadeira de governador com o neto de Arraes: ele tem mais quatro anos de mandato garantido no Senado. Fala, portanto, de barriga cheia.