Para que a gente viva melhor

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por Sulamita Esteliam

Segunda, 21 de março, foi Dia Mundial de Combate ao Racismo, e eu passei batida. Os motivos são dois:

1) Concentrei-me no rescaldo Obama, com toda a ironia, e peso, que a meteórica visita do primeiro presidente negro dos Estados Unidos ao Brasil significou – para nós e para o mundo, a partir de decisões tomadas em solo tupiniquim.

2) Meu neto caçula, Mateus, que completou um ano no dia, amanheceu febril, depois de noite insone – para ele, mãe e pai. Já no domingo mostrara-se fragilizado. Febre altissima, exatamente como o pai dele quando criança, o que me deixava em cólicas. Então, era mãe de primeira viagem.

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A gente sabe que febre é sintoma, e é exatamente por isso que preocupa – de resfriado a amigdalite ou a dengue, tudo passa pela nossas cabeças. Por mais que tentemos manter o equilíbrio e afugentar os pensamentos atravessados. Só vem coisa ruim. E eu aqui, a milhares de quilômetros.

Ao fim e ao cabo, Obama e família partiram para o seu périplo pela América Latina. E Mateus recuperou-se, rapidamente, graças! Já não tem mais febre, o apetite está de volta e o sorriso reassumiu sua face de anjo. É o que me conta a mãe, por telefone.

Tendo a crer que não foi só uma virose ou irritação de garganta, e se sim o que chamo de “saudade do útero”, que costuma acometer minhas crianças, todas, às vésperas do aniversário. E pelo visto, é transmitida via DNA.

No sábado, estarei com Mateus no colo. Então, poderei aquietar minha ansiedade. E de quebra, matar a saudades de minha neta, única bela mocinha, que segue direto de Fortaleza para abraçar o irmão – menor dos quatro que ela ganhou em seus núcleos familiares materno-cearense e paterno-mineiro.

Família moderna, e abençoada,  é assim: se espalha, se junta e se reconhece, Brasil e mundo afora. Amigos, também.

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Chego a Beagá na sexta à noite e, se tudo correr como espero, fico por lá – ou por aí – o mês de abril. É quando minha terra-capital fica mais bonita, com luminosidade ímpar – e certa impetuosidade ariana. Pelo menos era assim…

Sim, claro, tem as saudades da família – a parte que me acompanha no Recife. No entanto, minhas metades, daqui, dali, de acolá e alhures, já se acostumaram a se repartir. Nada que o amor não rejunte.

Profissionalmente, não há nada que eu faça aqui, que não possa fazer na e das Alterosas. Eis a vantagem de ser freela e o grande barato da tecnologia. Bençãos para nós, andantes-andejas/os.

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No Recife, terra adotiva, o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial – este o nome de batismo – teve movimentação peculiar. O palco foi a estação central do Metrô, no Bairro de São José. Afoxés e Maracatus se misturaram aos transeuntes, enquanto a panfletagem, vejam só, era feita por policiais militares.

Isso mesmo! Homens e mulheres trabalhados pelo GT anti-Racismo da Polícia Militar pernambucana, desde 2009, e numa extensão de iniciativa do Ministério Público de Pernambuco.

Não vi, mas li neste importante texto do colega Ed Wanderley, do Diário de Pernambuco. A frase de um de seus entrevistados – que inspira o título desta postagem – resume o espírito da campanha mundial: “Para que todo mundo possa viver bem”.

Sabedoria de um garoto de 9 anos.

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Por que 21 de março? Nesta data, há 51 anos, a polícia sul-africana abriu fogo contra manifestantes negros que protestavam contra a Lei do Passe, matando dezenas de pessoas e ferindo centenas. Na África do Sul do apartheid, que negava ao negro o direito à cidadania e à humanidade, tal lei reforçava sua condição de indivíduo de segunda classe.

Aqui, a Nota Pública da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.

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