Nada mais feliz do que um ano novo: saúde e paz!

por Sulamita Esteliam
Em Boa Viagem, prefeitura promete 15 minutos de queima de fogos.Na foto, a prévia, dia 26 – Lú Strithorst/PCR

Retorno, após três dias de ausência – fugi para Porto de Galinhas, onde comemorei meu aniversário com minhas crias, a prole destas, amigos e cia, e o vácuo da saudade de quem (s) não pude ter por perto. Deixo, aqui, meu desejo de um ano de paz, alegrias, solidariedade e abundância para vocês – que me honram com a presença, diária ou eventual – e para toda a humanidade.

Especialmente, quero agradecer a companhia ao longo deste conturbado 2011. A Tal Mineira encerra o ano útil com perto de 35 mil acessos, em 1 ano três meses e 20 dias no ar. Proporcionalmente, o número de visitas mais que dobrou em relação a 2010, quando chegamos a 4.704 cliques em quatro meses de existência do blogue. Muito, mas muito obrigada, mesmo.

Não foi um ano fácil este 2011. O Planeta andou chutando o balde. A Mãe Natureza cobrou a fatura da displicência humana – aqui, lá e acolá. A humanidade, como diria meu cunhado Osmane Nadu, “pirou o cabeção”.

No individual e no coletivo, no político e na economia, o povo purgou exigências e escassez, amargou derrotas, cometeu atrocidades, brincou com a barbárie. Mas, também, ocupou praças e ruas, manifestou sua indignidade ante o descaso, a ganância e a opressão.

Não dá para cruzar os braços quando o mundo desaba sobre suas cabeças. Taí um lado do ser humano que vale à pena observar: às vezes, farinha pouca, meu pirão primeiro; vez em quando, s’mbora jogar titica no ventilador para fazer História. E A Tal Mineira fez a sua parte: reportou, na medida do possível – se desejar, use a busca sobre o tema que lhe interessa.

Aqui, em Terra Brazilis, tivemos o primeiro ano de governo da primeira mulher eleita presidenta da República. E Dilma Roussef disse a que veio: optou por governar, à revelia de quem (s) acreditava que poderia fazê-la comer milho na mão.

Para quem foi acusada de ser um poste de Lula, a mineira-gaúcha mostrou que não foi guerrilheira por acaso, mas por aptidão política. Com certa raposice, que chega a incomodar também do lado de cá, deu volta na sanha golpista permanente dos setores que, na falta de uma oposição  que mereça o nome, se fazem representar na mídia nativa convencional.

Uma mídia com cheiro de elite e eterno complexo de vira-latas. Que não engoliu o metalúrgico iletrado – #SaúdeLula! – e finge, mas não engole a mulher classe média alta, graduada em Economia e com larga experiência em gestão pública, que sobreviveu à tortura e ao machismo predominante na política.

Dilma perdeu sete ministros acusados de “malfeitos”. Empurrou com a barriga os programas e decisões políticas exigidas por setores dos movimentos sociais, como a Lei dos Meios e a universalização da banda larga na comunicação, e a descriminalização do aborto, por exemplo. E continuou crescendo na opinião pública que conta.

Não estou aqui dando razão a ela nem a gregos ou a troianos. É apenas o registro de uma observadora que ainda consegue guardar certa distância, ainda que não consiga engolir o que se lhe vai pela cabeça.

Bom, não vou fazer retrospectiva, pois que muitas já foram feitas, e com mais estrutura e propriedade. Se você não gosta de festa e não consegue manter-se longe da rede, listo mais abaixo alguns sítios onde o balanço do ano e as projeções para 2012 oferecem leitura em perspectiva interessante.

Quanto a mim, digo que encarei os desafios, tropecei em alguns, desviei de outros, levei algumas lições para a minha casa interior, e aprendi muito, mas muito mesmo, neste 2011. Todavia, embora desde que me entendo por gente, e fui precoce, o tempo seja minha matéria, digo que ele já vai tarde. Que venha, pois, o novo ano. Para mim, ele começa dia 28 de dezembro.

Volto para Porto de Galinhas para virar o ano junto com meus tesouros que lá estão.

Ano que vem a gente se fala.

Abraço, abraço, abraço.

Xêros, xêros e cafunés.

Inté.

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Eis os caminhos de alguns sítios:

Outras Palavras: O ano em que se abriram todos os caminhos

Carta Maior: 2011/2012: Aquilo que nos devora

Carta Capital: Os destaques da edição impressa e a entrevista com a sobrinha neta de Franz Kafka, Stephany Griffith-Jones, professora-visitante da Universidade de Colúmbia-EUA

3 comentários

  1. A Toda Sociedade Brasileira.
    Abaixo, manifesto nacional por melhoria da condição de um povo com o estigma doloroso de vidas – 800000 pessoas, 90% analfabetos, segundo o IBGE – relegadas ao abandono e à execração pública diária. Resolvemos apelar para a compaixão e a responsabilidade civil de todos os segmentos da sociedade, por puro cansaço de anos de tentativa inglória de amenizar a dor do despertencimento.
    Estamos enviando-lhes este manifesto de pedido de socorro imediato ao Povo Cigano, para que todos se sensibilizem e interfiram junto aos órgãos competentes, para incluí-los nas políticas públicas de saúde, educação, erradicação da miséria e de comportamentos preconceituosos que causam tanto sofrimento a esses seres à margem da vida. O momento é este, já que nosso governo tem se ocupado em diminuir a miséria em nosso país.
    Nós, voluntários do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, APAC, Casa de Passagem, e na cidade de Viçosa, Minas Gerais, além do Forum Mundial Social – Mineiro e diversas outras entidades requeremos as medidas emergenciais de inclusão destes brasileiros, que já nascem massacrados pelo fardo vitalício da dor do aviltamento e segregação atávica em nossa sociedade, desabrigados que são da prática do macroprincípio da dignidade da pessoa humana, telhado da Constituição.

    Cliquem no link abaixo, no artigo da SEPPIR, que confirma a situação deles. E, por favor, leiam o anexo.
    http://noticias.r7.com/brasil/noticias/falta-de-politicas-publicas-para-ciganos-e-desafio-para-o-governo-20110524.html
    Se nosso país tornou-se referência em crescimento econômico, certamente conseguirá sê-lo também em compaixão e acolhimento dessa causa universal.
    DE GENTE ESTRANHA, em caravana.
    Dolorosamente incômoda.
    Ciganos. Descobrimos, perplexos, que suas famílias são excluídas dos programas de bolsa-família, saúde, educação, profilaxia dentária, vacinas etc. Sua existência se torna mais dramática, pois não conseguem os benefícios do governo por não terem endereço fixo. Segundo o IBGE, são cerca de 800.000, 90% analfabetos.
    Há seis anos, resolvemos visitar um acampamento em Teixeiras, perto de Viçosa. E o que vimos foi estarrecedor: idosas, quase cegas, com catarata. Pais silenciosamente angustiados, esperando os filhos aprenderem a ler em curto espaço de tempo, até serem despejados da cidade. Levamos ao médico crianças que “tinham problema de cabeça”. E eram normais. Apenas sofriam um tipo diferente de bullyng, ignoradas, invisíveis que são. Chefes de família com pressão altíssima e congelados pelo medo de deixarem os seus ao desamparo.
    Vida itinerante. Numa bolha, impermeável. Forasteiros no próprio país. Dor sem volta. Passamos a visitar todos que aqui vem. E a conviver com o drama de mulheres grávidas, anêmicas e sem enxoval. Crianças analfabetas aos dez, onze anos.
    Sugeriram-nos que eles precisam se organizar e reivindicar. Ora, alguém já viu seqüestrado negociar com sequestrador? Como pessoas reféns do analfabetismo, execradas publicamente todos os dias de suas vidas, amordaçadas pelo preconceito e com filhos para alimentar conseguirão lutar por algo? Vide a Pirâmide de Maslow. Quem tem que gritar somos nós. Para eles não sobra tempo de aprender o ofício da libertação, já que são compulsoriamente nômades – sempre partem porque os donos dos terrenos ou algum prefeito pressionado expede a ordem de saída.
    A gente descobre, atordoada, que desde a primeira diáspora, quando passaram a viver à deriva, sempre expulsos, eles vivem numa cápsula do tempo. Conservam os mesmos hábitos daquela época, ou seja, sociedade patriarcal, vestuário, casamento prematuro, a prática de escambo e a mesma língua dos antepassados. Tudo isto PORQUE NÃO PARTICIPAM DAS TRANSFORMAÇÕES DA CIVILIZAÇÃO. Jamais tem acesso às benesses das pesquisas tecnológicas e científicas, aos programas governamentais de erradicação da miséria, às celebrações civis agregadoras ou sequer a proposta de ao menos um olhar de compaixão.
    E, então, “civilizados” que somos, cristãos ou não, que gritamos por nossos direitos, que votamos a favor ou contra, que existimos, continuaremos a dormir em paz?
    Agradecemos a todos que se sensibilizarem com a causa.
    Respeitosamente,
    Profª.Bernadete Lage Rocha
    l.bernadete@yahoo.com.br
    031-88853369
    Voluntariado:
    APAC – Viçosa-MG
    Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
    Conselho de Segurança Alimentar
    MULHERES PELA PAZ
    PASTORAL NÔMADE

    1. Bernadete, seu relato tocou-me vivamente. Gostaria de publicar como matéria do blogue – se vc me autorizar, claro. Pergunto se tem fotos das pessoas nbo acampamento a que se refere. Caso tenha, e autorize a publicação do texto, por favor, me envie por correio eletrônico. Enviarei mensagem para vc com meu endereço. Abs.

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