por Sulamita Esteliam


Lamentavelmente, voltou a acontecer: os estudantes tornaram às ruas, em protesto contra o aumento de passagens na área metropolitana do Recife, e apanharam, de novo. Cassetetes, spray de pimenta, balas de borracha, gás lacrimogênio. A mesma truculência usada na última sexta-feira – aqui, neste blogue, só que desta vez sob chuva.
Houve três prisões, com requintes de brutalidade, e um universitário teve o nariz quebrado – aqui. Sobrou até para jornalista: a repórter Juliana Colares, do Diário de Pernambuco, recebeu voz de prisão, e uma cinegrafista da Globo levou cusparada de manifestantes na câmera. – aqui.
Excessos de um ou outro manifestante à parte, não há nada que justifique a pancadaria, quanto mais o trânsito interrompido. Ainda é tempo para um basta, pois nesta terça o estudantes prometem mais protesto.
Posto, a seguir, dois vídeos que mostram bem o modo de agir da autodenominada “polícia cidadã”, ainda que não tenham capturado os atos que levaram estudantes ao hospital.
1. O início, na Av. Conde da Boa Vista:
Neste outro vídeo, uma moradora, da janela de seu apartamento, na Rua da União, que converge com a Conde da Boa Vista, filma e comenta a repressão. Sobra até para a presidenta Dilma, que não tem nada com o peixe.2. O corre-corre e a caça, já na Rua da União:
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De qualquer forma, o governador Eduardo Campos vai ter que se explicar. Ainda que esteja fora de Pernambuco – na sexta, não havia retornado dos Estados Unidos, aonde foi assinar convênios de financiamento, e hoje está em São Paulo, para audiência no BNDES e visitar o ex-presidente Lula. A responsabilidade política é de seu governo.
Sou levada a concordar com Piere Lucena, do Acerto de Contas: truculência não combina com o estilo de Campos. Estranho, também, não ouvir a voz de um político, sequer, a repudiar a ação. A não ser Edilson Silva, presidente do PSOL, que na sexta tentou, em vão, negociar uma trégua com o Comando da PM, e orientar os estudantes a não aceitarem provocação. Como mostra, claramente, as imagens daquele dia.
Injustificável, ainda, o prefeito do Recife não se manifestar. Mesmo que a responsabilidade sobre a PM seja do governo estadual, a prefeitura tem assento no Consórcio Grande Recife, e a violência tem acontecido em território municipal sob sua gestão.
Quanto à empresa responsável pelo transporte metropolitano, esta, também, se comporta como se não tivesse nada a ver com o que está se passando nas ruas.
Clique para ver como ficaram os preços das passagens, em vigor desde o último domingo.
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Revisto e atualizado às 21:47, horário do Recife