por Sulamita Esteliam
Colho, no Blog do Sakamoto, jornalista e cientista político – um moço com o currículo do tamanho do mundo, e postura ativista das boas causas – a boa notícia do dia: a Câmara dos Deputados aprovou, neste 22 de maio, a Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de propriedade flagrada com trabalho escravo. A votação, em segundo turno, demorou oito anos. Mas, antes tarde do que nunca, diriam minhas avós. Vejamos como, e em que prazo, se comporta o Senado.
De acordo com Sakamoto, a matéria terá que voltar à Casa dos Estados por conta da inclusão dos imóveis urbanos na primeira votação da Câmara. Em 2001, o Senado aprovou a PEC em dois turnos, mas então o texto tratava apenas das propriedades rurais. Idas e vindas dos humores parlamentares – em marcha de jegue, como se diz aqui pelo Nordeste.
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Por falar em Nordeste, outra boa notícia: lembram-se da estudante de Direito Mayara Petruso, aquela que, após a vitória de Dilma nas eleições presidenciais, pregou no Twitter a morte dos nordestinos? Pois bem, está no Blog do Rovai: ela acaba, dia 17, de ser condenada à prestação de serviços comunitários e a multa de R$ 620 reais por disseminar preconceito na rede, mais R$ 500 por danos à sociedade. É pouco, mas é simbolicamente importante: quem fala demais, dá bom dia a cavalo, é o dito popular.
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Outra boa notícia é que há jornalistas e jornalistas, graças a Deus. No blogue Maria Frô, via Blog do Altino Machado, encontro um abaixo-assinado de colegas baianos, indignados com a baixaria dos programas de TV policialescos na terra do axé. Mais especificamente, com a postura racista de uma repórter contra um suposto estuprador, negro.
A indignação ecoa pelas redes e pela blogosfera. O vídeo da reportagem da Band está postado no Diário Guache. Reproduzo, encarecendo perdão pelo indigesto:
Esse tipo de postura é regra em programas desta natureza, nos quatro cantos do país; na Paraíba, recentemente, a TV Correio exibiu cenas de estupro de uma adolescente à luz do meio dia; o Ministério Público pediu o fechamento da emissora por 15 dias, “mas nada foi feito”, lembra a amiga jornalista Mabel Dias, em comentário na Rede Mulher e Mídia.
Flagrantes de desrespeito à Constituição, aos direitos humanos, ao Código de Ética dos jornalistas abundam. A clamar pela regulação dos meios, pela criação do Conselho Federal dos Jornalistas, pela regulamentação dos artigos da Carta Magna que estabelecem limites à barbárie.
PS em 23.05.2012, às 20:27: Pelo correio eletrônico, via Rede Mulher e Mídia, recebo a informação de que o Ministério Público da Bahia entrou com representação, junto à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão contra a repórter do Brasil Urgente, programa exibido pela afiliada da Band em território baiano.
O MPBA entende que a conduta da repórter – Mirella Cunha é o nome da moça – atenta contra os direitos constitucionais do “entrevistado”, que se estava preso num delegacia de polícia; portanto à disposição do Estado – aqui.
Há que acionar, também, a emissora e a direção do programa, que estimulam esse tipo de postura da infantaria dos noticiários – ainda que o bom senso e a ética profissional clamem contrariar tais orientações.