por Sulamita Esteliam

Na Agência Carta Maior encontro a informação de que o golpe de Estado que derrubou Fernando Lugo da Presidência do Paraguai era planejado desde 2009. A revelação foi feita pelo Wikileaksque divulgou comunicado sigiloso da Embaixada dos Estados Unidos em Assunção ao Departamento de Estado norte-americano. Transcrevo:
WIKILEAKS: GOLPE ERA PLANEJADO DESDE 2009
Despacho sigiloso da Embaixada dos EUA em Assunção, dirigido ao Departamento de Estado, em Washington, já informava, em 28 de março de 2009, a intenção da direita paraguaia de organizar um ‘golpe democrático’ no Congresso para destituir Lugo, como o simulacro de impeachment consumado na última 6ª feira. O comunicado da embaixada, divulgado pelo WikiLeaks em 30-08-2011 (http://wikileaks.org/cable/2009/03/09ASUNCION189.html) mostra que já então o plano era substituir Lugo pelo vice, Federico Franco, que assumiu agora. O texto enviado a Washingnton faz várias ressalvas. Argumenta que as condições políticas não estavam maduras para um golpe, ademais de mostrar reticências em relação a seus idealizadores naquele momento. Dos planos participavam então o general Lino Oviedo (ligado a interesses do agronegócio brasileiro no Paraguai, que agora pressionam Dilma a reconhecer a legitimidade de Federico Franco, simpático ao setor) e o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos. (LEIA MAIS AQUI)
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Carta Maior também informa que a Unasul – União das Nações Sul-Americanas se reúne nesta quarta-feira para debater a situação do país-membro. Fernando Lugo vai comparecer ao encontro será em Lima, no Peru, país que assume a presidência do bloco em novembro próximo, e deve estar presente, também, na reunião do Mercosul, na sexta, em Mendoza, na Argentina – saiba mais aqui.
No fim de semana, os país que integram a Unasul – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela – e o México, retiraram seus embaixadores no Paraguai, num claro sinal diplomático de reprovação ao golpe.
Entretanto, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, descartou a possibilidade de o Brasil e os demais países do Mercosul intervirem em questões internas do Paraguai, a despeito da suspensão temporária do Paraguai no bloco econômico.
O governo brasileiro acompanha, atentamente o desenrolar da situação no país vizinho, e sinaliza, por outro lado, com o não reconhecimento de um Estado que não respeita as leis democráticas, em referência ao rito sumário, menos de 30 horas, em que se deu a deposição de Lugo – aqui e aqui, na Agência Brasil.
O fim de semana foi de protesto e resistência nas ruas da capital paraguaia. A TV Pública paraguaia tem concentrado as manifestações pró-Fernando Lugo (vídeo abaixo). Recuperado do baque pelo impedimento – aqui no blogue – ele instituiu um governo paralelo para fiscalizar a gestão oficial de Federico Franco. Segundo Lugo, o Gabinete de Restauração da Democracia vai monitorar todas as instâncias do governo. Clique para ler, em Carta Maior, a entrevista que “o presidente dos paraguaios” – e não mais do Paraguai – concedeu ao periódico argentino Página 12.
Em paralelo, senadores e deputados fiéis ao ex-presidente, articulam ação para tentar reverter o quadro político do país, e restalecer as condições para que Lugo volte ao poder. Mas observadores internacionais consideram a possibilidade remota, ou até mesmo impossível.
Eis o vídeo com as manifestações da sexta-feira,
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Revista e atualizada às 13:29