por Sulamita Esteliam
Foram dias intensos, de encontros afetivos e culturais, passeios e miragens de encher os olhos de beleza e História, e emoções; de regar o paladar com sabores, o olfato com odores e encher o coração de alegria. Salve a Bahia!
O mote: visitar a exposição de arte do amigo Cau Gomez, que conheci garoto de 15 anos, no começo de 1988, e com quem trabalhei na mesma redação até quase meados de 1991, quando migrei para Brasília. Dois anos depois ele seria convidado para integrar a equipe de O Jornal da Bahia,mas Euzinha soube disso muitos anos adiante, com ele já no A Tarde.
Cartunista e artista plástico premiado internacionalmente, a mostra na Caixa Cultural, de Salvador é uma explosão de talento. Celebra 30 anos de Arte e Humor na Bahia – aberta até 04 de fevereiro, com acesso gratuito. Reúne ilustrações, cartuns e artes gráficas literárias no gênero infantojuvenil; inclusive obras editadas pela Cepe – a Companhia Editora de Pernambuco.










O lançamento do catálogo da exposição, no sábado, 21, foi mais uma coincidência feliz – favorecida pelas filhotas caçulas, Carol e Bárbara, que me possibilitaram esticar a breve estada. Minhas crias derradeiras não se cansam de comemorar meus 70, completados em 28 de dezembro, a data de fato.



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A generosidade de Cau, exposta na dedicatória com que me honra, e também ao incluir meu nome no rol de agradecimentos, muito me emocionam. E foi com alegria de menino que ele me apresentou à sua família soteropolitana, que o acolhe como baianeiro de raiz que se tornou e recebe a quem o ama com igual fidalguia.
Todavia, disse, digo e repito: a força de seu traço, a energia de suas pinceladas e, muito antes, a ousadia que vem da consciência de seu valor, indicam que ele seria Cau Gomez, independentemente do advento “fada-madrinha”, que insiste em me atribuir. Sou grata pela deferência, também, de sua companheira cúmplice, a colega jornalista Letícia Belém Machado, igualmente mineira de Beagá.

Havia 35 anos que não visitava Salvador. Aliás fui duas ou três vezes a trabalho, profissional ou sindical, mas sempre se dá um jeito de aproveitar-se as delícias da terra. A passeio fui uma vez, com as crianças, grávida da minha segunda filha, terceira na ordem geral.
Claro que a cidade é outra, três décadas e meia/quatro depois: está revigorada, bem-cuidada, luminosa, agregando urbanidade e gentileza ao espírito sempre receptivo da gente baiana.
Tive um cicerone de luxo – posto as fotos depois no Instagram porque é coisa demais para o blogue.
E ainda encontrei uma xará torta, uma barraqueira da orla do porto da Barra, que me recebeu com um “diga, galega!”, simpatia que me fez relevar o preço salgado do côco: 8 reais. O nome dela é Elis Regina. Só que conversa vai, conversa vem, disse pra ela meu nome e ela saiu-se com esta:
Só sei que cheguei chegando: não sabia, mas na noite do dia da minha ancoragem, Cau Gomez foi coroado rei dos Palhaços do Rio Vermelho, um bloco de tradição que abre a folia neste 27 de janeiro.



