Está reaberta a temporada do esperançar

por  Sulamita Esteliam

Vamos de notícia boa, para variar. Merecemos um refresco. A eleição da primeira mulher presidenta em 200 anos de história da república mexicana, mostra a resiliência da esquerda na América Latina. 

Viva o México e sua brava gente. Salve Cláudia Sheinbaum. Arriba! (copio Miguel Paiva, autor da charge que abre a postagem. Gracias.)

Parceira de longa data do atual presidente Andrés Perez Lopes Obrador – o Amlo como é carinhosamente chamado por seu povo -, Cáudia é filiada ao Morena, partido o qual são fundadores. Tem intensa militância política, desde os tempos de estudante.

Foi secretária do Meio Ambiente na gestão de Obrador na capital mexicana no início deste século. E atuou como porta-voz de sua campanha na primeira tentativa de alcançar a Presidência da República, em 2006.

Sua fala de agradecimento pela vitória diz muito sobre a presidenta eleita do México: respeito às origens e à História de seu povo, a quem promete honrar: 

Não chego aqui sozinha. Chegamos todas. Com nossas heroínas que nos deram a pátria, nossas ancestrais, nossas filhas e nossas netas.

A amplitude da vitória reflete conexão: cerca de 30% de vantagem sobre a principal oponente, Xhóxitil Galvéz, candidata da centro-direita, empresária de origem indígena.

Socialista, cientista climática com ampla carreira acadêmica, Cláudia Sheinbaum nasceu na Cidade do México, que administrou de 2018 a 2023. De origem judaica, de esquerda como o foram mãe e pai, é pró-Palestina, o que já a recomenda para além do seu currículo.

A confirmação de sua escolha, por quase 60% dos votos, abre o horizonte político da latino-américa, que andou se deixando atropelar pela extrema direita.  “Una victoria abrumadora” ou avassaladora, como define a TeleSur, canal de esquerda sulamericana.

Desde antes do resultado oficial, o povo celebrou a vitória nas ruas com grande alegria.

Dia 24 de junho, a oitava mulher no comando do governo central na América Latina, completa 62 anos. É mãe de um casal e avó de um garoto. Está no segundo casamento.

Impossível celebrar a eleição de Sheinbaum sem nos recordar da primeira presidenta  do Brasil, Dilma Rousseff, eleita em 2010, reeleita em 2014 e derrubada pelo golpe parlamentar-jurídico em 2016.

O Instituto Lula não deixou passar em branco a comparação, recordando a posse da ex-combatente da ditadura civil-militar, presa e torturada, na presidenta brasileira, com grande júbilo:

O pioneirismo das mulheres latino-americanas alcança outras seis mulheres, que alçaram à Presidência da República pelo voto popular: 

  • Violeta de Barrios Chamorro, jornalista, foi a primeira. Eleita presidenta da Nicarágua em 1990. De família abastada, estudou no exterior, e era casada com o editor de jornal oposicionista. O assassinato do marido a levou à política.
  • Mireya Moscoso foi eleita no Panamá em 1999. Filha de proprietários rurais, venceu Martín Torrijos, filho do ex-ditador panamenho Omar Torrijo. Estava no poder quando os Estados Unidos devolveram o Canal do Panamá, em dezembro daquele ano. Governou até 2004.
  • Michelle Bachelet Jeria tornou-se a primeira presidenta do Chile pelo voto popular em 2006. Voltaria a governar em 2014.
  • Cristina Fernandéz de Kirchner se elegeu presidenta da Argentina em 2007, sucedendo o marido Néstor Kirchner, herdeiro do peronismo. Foi reeleita em 2011. 
  • Laura Chinchilla Miranda se tornou a primeira presidenta da Costa Rica em 2010, mesmo ano da eleição de Dilma Rousseff no Brasil.
  • Xiomara Castro de Zelaya venceu as eleições em Honduras em 2022, pelo Libre, partido de esquerda, tornando-se a primeira mulher a comandar o país.

Outras cinco mulheres latino-americanas assumiram a presidência de seus países pela primeira vez, mas sem passar pelas urnas:

  • Dina Boluarte, no Peru, em 2022, após a destituição do marido Pedro Castilho.
  • Lídia Gueller, em 1979, assumiu a presidência da Bolívia, após a morte do marido. Foi deposta pelos militares em 1980 e asilou-se na França.
  • Janete Janan presidiu a Guiana de dezembro de 1997 a agosto de 1999.
  • Isabelita Peron chegou a Presidência da Argentina em 1974, após a morte do mardio Juan Peron. Foi a primeira a presidir o país e o fez até 1976.
  • Rosalia Arteaga assumiu a Presidência de Honduras na vacância de Abdalá Bucaram, deposto em 1997.

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Também com:

GGN

Carta Capital

Portal Terra

CNN

3 comentários

  1. “A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) retoma nesta terça-feira (4) a análise do projeto de lei que quer terceirizar a gestão administrativade 204 colégios públicos – pouco mais de 10% da rede estadual de ensino.”
    https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2024/06/04/projeto-terceirizar-gestao-escolas-publicas-parana-o-que-acontece-agora.ghtml
    A safra é farta!
    Uma geração de demônios está indo para o forno. Quando estiver pronta ninguém segura mais aquele estado de branquelentos fascistas.

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