Carrato: JN joga contra o governo Lula na cobertura do desastre no Rio Grande

por Sulamita Esteliam

Em uma das minhas raras entradas no Facebook, topei com a análise da amiga Ângela Carrato sobre a postura da mídia, mais específicamente do Jornal Nacional,  no que se refere à ação do governo Lula no Rio Grande do Sul. Posto a seguir.

Jornalista e doutora em Comunicação, professora da UFMG, Ângela mostra, com todas as letras, a expertise do JN em manipular para camuflar a realidade. Um jogo descaramente político em ano eleitoral.

Devo dizer que trabalhamos juntas no saudoso Jornal de Casa, em Belo Horizonte, fomos companheiras de cobertura política, ela pelo JC, Euzinha pelo Diário do Comércio, da mesma empresa.

Enfrentamos muitas batalhas políticas e jornalísticas num tempo em que mulher cobrir política era raridade – ela foi a primeira em Minas Gerais – e o machismo, o assédio e a misogenia, que a gente nominava descaramento, imperavam.

Brilhante é o adjetivo que define bem a Carrato, além de ser uma mulher dedicada e competente em tudo que faz. Tiro o chapéu para ela.

Vamos ao texto:

Ângela Carrato
Ângela Carrato – Foto capturada no FB

Que imagem o JN quer fixar sobre o que ocorreu no Rio Grande do Sul?

 por Ângela Carrato – no Facebook

 Vergonhosa, mas muito elucidativa, a edição desta segunda-feira (3/6) do Jornal Nacional. Com a cara de pau que lhe é peculiar, o âncora, Willian Bonner, disse com todas as letras que a reportagem que seria exibida a seguir (mais de sete minutos) tinha o objetivo de fixar as imagens do que ocorreu.

E que imagens foram exibidas? Apenas as que mostram a fúria das águas, chuvas intensas e ventos fortíssimos.

Apenas imagens de destruição e desespero das pessoas e pavor dos animais.

Nenhuma palavra sobre as responsabilidades – crimes, mesmo – do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) e do governador do Rio Grande do Sul, o tucano Eduardo Leite, “queridinhos” da família Marinha.

Nenhuma palavra sobre os bilhões de reais que o governo federal já destinou ao Estado.

Nenhuma palavra sobre os R$ 5, 7 bilhões que o NDB (o Banco do BRICs) emprestará para a recuperação da infra-estrutura do Rio Grande do Sul.

Nenhuma palavra sobre o auxílio de R$ 5.100 para mais de 200 mil pessoas atingidas, pagos via PIX e que os prefeitos bolsonaristas, a começar pelo de Porto Alegre, tentaram boicotar.

O ministro extraordinário para a Recuperação do RS, Paulo Pimenta, apareceu apenas falando sobre possível auxílio para a recuperação do aeroporto Salgado Filho, na capital gaucha. É desnecessário dizer que o nítido objetivo era deixar o governo federal bem distante dos interesses e dos dramas dos atingidos e ligado apenas aos poderosos.

Tenho dito e repetido: o JN, carro-chefe do Grupo Globo, está jogando pesado para trabalhar a realidade de acordo com as suas conveniências, de olho nas eleições municipais deste ano e na própria eleição presidencial de 2026.

O que o JN está fazendo é muito mais grave do que fake news ou a desinformação tradicional.

O JN está jogando pesado para reconfigurar a nossa história recentíssima ao bel sabor dos grupos dominantes (agronegócio, mercado financeiro e especuladores imobiliários), que querem derrotar Lula e os progressistas a todo custo. Claro que nisso tem, como sempre, uma mãozinha do Tio Sam.

Se nada for feito para se contrapor a esta narrativa – não basta apenas trabalhar muito e certo como está fazendo o governo Lula -, o preço será alto, especialmente num país com memória curta e volátil.

Em outras palavras, o JN está oferecendo toda munição possível para os partidos de oposição atacarem o governo Lula e quem o apoia.

Enquanto os poderes constituídos se mostrarem preocupadíssimos apenas com as redes sociais, o JN joga diariamente contra o Brasil e a maioria do povo brasileiro, sem que o próprio governo pareça se dar conta disso.

Até quando?

*******

Nossa parte nesse latifúndio informativo é fazer o contraponto na medida do possível.

Abaixo imagens da 4ª visita do presidente Lula ao estado vítima da calamidade climática e administrativa.

Na sequência, o balanço das ações do governo federal em socorro das vítimas e para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

Deixe uma resposta