Tucanadas a rodo: Amaury sustenta que não quebrou sigilo algum

por Sulamita Esteliam


O jornalista Amaury Ribeiro Jr., hoje na TV Record, depôs na Polícia Federal, em São Paulo, sobre a Operação Caribe, de lavagem de dinheiro, nesta segunda, 13. Disse o que já declarou, reiteradamente, para a imprensa: não violou sigilo fiscal nenhum para escrever o livro “Os Porões da Privataria” – clique aqui para um aperitivo, oferecido pelo Conversa Afiada.

Os documentos sobre a filha do Zé são públicos, encontráveis na Junta Comercial de São Paulo e outros organismos nacionais e estadunidenses, inclusive processos de sonegação fiscal. Ele divulgou “Nota de Esclarecimento” que é um sumário do que disse à PF, publicado no mesmo blogue do Paulo Henrique Amorim, também da Record. ´

Ex-repórter do jornal Estado de Minas, Amaury iniciou a investigação a pedido de seus patrões. Há quem vincule a incumbência à cobertura dos interesses do então governador de Minas, Aécio Neves, que, à epoca, 2009, disputava com o Zé, então Serra que governava São Paulo, a indicação de candidato à Presidência da República pelo partido. O motivo teria sido a informação de que o segundo contratara arapongas para vasculhar a vida do primeiro. Coisas dos bastidores da política que acabam vindo à tona, provadas ou não.

Até as paredes sabem que, em Minas, o governo controla – sempre controlou – a imprensa, ou parte dela. O que explica, no caso e de certa maneira, a alta popularidade do neto de Tancredo. A tarefa é exercida, com gosto e zelo, pela irmã de Aécio, Andréa Neves, que continua a postos. A última cabeça a rolar, por sua obra e graça, segundo coleguinhas de Beagá, foi a do editor de política do Hoje em Dia, concorrente do EM. Claro que o jornal e o governo negam.

Mas o jornalista, com 20 anos de casa no HD – foi repórter da equipe na qual Euzinha estive editora-adjunta, no comecinho dos anos 90 -, recebeu o bilhete azul na semana seguinte à visita de Andrea Neves à direção do jornal. Não por coincidência, após algumas mudanças no comando da redação, a editoria de política passara a fazer reportagens investigativas sobre atos do governo, o que é proibido nas Alterosas.

De volta ao começo, Amaury Jr deixou o Estado de Minas antes de terminar o trabalho, segundo a direção do diário mineiro. Transformou a reportagem investigativa em livro, que pretendia lançar logo após a Copa do Mundo. Decidiu adiar o lançamento para 2011, para evitar que seu conteúdo fosse usado como arma de campanha eleitoral. O cuidado revelou-se vão.

Na nota abaixo, o jornalista diz, em outras palavras, que a velha mídia – que se alimenta do desespero e faz campanha para o Zé – mente. Jornais, revistas e Tvs têm vinculado as fontes do repórter à quebra do sigilo da filha e outras pessoas próximas ao candidato azul-amarelo. Como diz Paulo Henrique Amorim, “vai chover pena de tucano pra todo lado”.

2 comentários

  1. Graças a Deus! Ainda há jornalismo nestas bandas! Nossa Brasil agradece! Eis que a hora deste giganta sair do pesado sono, ou coma, caso prefiram.
    Muito obrigado, Sra. Esteliam!

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