A nova correlação de forças no Brasil

Ainda sobre o resultado das eleições, transcrevo a análise, a partir da evolução estatística do Brasil político, a partir de janeiro de 2011. Postagem do blogue Luiz Nassif On Line:

O Brasil de 2010 é a “cara” do de 2007

Enviado por luisnassif, dom, 07/11/2010 – 15:00

Dos Blogs de Brasilianas

Não é só eleição para Presidenta que importa.

As pessoas ficam muito tempo se prendendo aos detalhes marginais que fizeram os votos de Serra iguais a 44%; não menos que 40% (como gostariam os governistas), não 50% ou mais (como gostariam os oposicionistas)

Essa votação, na verdade, pouco oscilou em relação à tendência de longo prazo (4º quadro). O voto dito mais conservador fica sempre em torno de 40 milhões. Alckmin teve 41,6% dos votos válidos no 1º turno de 2006; Serra chegou a 43,9% agora. Mas, como percentual dos eleitores totais foi-se de 31,7% para 32,2%. Não há nenhum alento para o pensamento conservador com tão pouco, até porque foi a 1ª. eleição de Dilma e isso deve ser levado em conta.

Vamos a outros aspectos da governança no Brasil :

– O PMDB, maior bancada no Senado, como desde 1987, será governo, como é desde o início da Nova República (2º quadro)

– As tendências para maior pluralidade e maior centrismo no Senado e Câmara (1º e 2º quadros) continuam as de longo prazo. PSDB/DEM baixaram agora para 20%, muito menos que os resultados obtidos para cargos executivos, portanto.

– Pela primeira vez a distribuição no Senado não é mais conservadora que na Câmara. Mas a única mudança mais ou menos dramática, em todo o cenário nacional, foi a redução aqui do DEM.

– Ainda assim, a oposição a Dilma será maior no Congresso do que o conjunto PT/PSB/PDT/PCdB foi em qualquer momento de 1995 a 2002 oposição a FHC.

– A oposição elegeu 11 governadores, quando em 1994 e 1998 a oposição a FHC conseguia 6 governadores no máximo. E isso prende-se mais a fatores regionais. (3º quadro) Manter os governos estaduais (e recuperar alguns) foi uma grande vitória para a oposição.

– Há correlação, mas não uma similaritude estrita entre o voto para nível federal e estadual. Em 10 estados o ganhador para governador não apoiou o ganhador para presidente.

– O judiciário continuará, como sói ser, um poder mais conservador que os demais, mas por sua renovação ser naturalmente mais lenta.

– Políticos no Brasil atuam muito pelo lado pragmático, menos pelo ideológico.

Não há, portanto, nenhum processo de “mexicanização” à vista, apenas de menor dificuldade para governar do que Lula teve. Nem há perspectivas da esquerda mais autêntica crescer rapidamente. Por outro lado, não há nenhum vislumbre de que a população dê curso a discursos neoliberais, muito menos para o Congresso. Apostar no conservadorismo será um equívoco eleitoral tão grande, para o futuro, quanto pretender o radicalismo.

Há uma grande preocupação, por parte do eleitor, em manter nos estados governos bem avaliados e no nível federal a continuidade de um projeto capitalista com inclusão social. Se os níveis conseguirem trabalhar juntos, ótimo.

Nada muito mais emocionante do que isso.

Meus palpites : a) Nova Oposição anda sendo superestimada, é dividida demais para o seu tamanho no legislativo; b) dados os fatores econômico-sociais de longo prazo, o Centrismo estilo PMDB/PT/PSB têm fôlego para este e mais uns 3 mandatos no plano federal; c) o discurso mais social-democrata demorará para ter ressonância no Centro-sul no que se refere a governos estaduais.

Deixe uma resposta