Por Sulamita Esteliam

Desculpem-me, mas não tem como olvidar o assunto da hora. A Polícia Federal diz que não há elementos para se investigar suspeitas de irregularidades no Enem. Entrementes, a Justiça Federal do Ceará vetou a divulgação do gabarito das provas realizadas no último fim de semana.
O resultado oficial sairia nesta quarta, segundo o cronograma do MEC. A lógica da juíza é a mesma; ela concedeu a liminar suspendendo o exame, nacionalmente. Pelo visto, não acatou as explicações do ministro Haddad.
Por conta disso, também, não está no ar a página de reclamações para os estudantes que se sentiram prejudicados se inscreverem no Ministério da Educação. Primeiro é preciso derrubar a liminar. Elementar. A Advocacia Geral da União vai entrar com recurso até segunda-feira.
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É fundamental, também, que a prevalecer o recurso da União, o MEC garanta a reparação dos estudantes que foram prejudicados pelos erros. O ministro afirma que havia provas em número suficiente para repor os exemplares errados. Não há razão para duvidar disso.
Mas, parece que nem todos os aplicadores ou mesmo coordenadores estavam, ou se sentiram, suficientemente orientados para fazer o óbvio. Aqui em Pernambuco aconteceu, no Recife, segundo denuncia Laura Rodrigues em comentário neste blogue . Leia, também o comentário do internauta Cícero, na mesma postagem.
Falta de treinamento ou de dicernimento ou coisa que o valha. Ou é o tal negócio do guarda da esquina, mas não pode servir como desculpa para prejudicar quem quer que seja.
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Os fatos, as versões, intrigas e críticas fáceis nos levam a crer que, na impossibilidade de um terceiro turno eleitoral, o Enem virou o bodoque para atirar pedras na vidraça do governo. Um problema de logística, lamentável, mas corrigível – e ínfimo se levado em conta o universo – é tranformado em munição para tentar desmoralizar o Exame Nacional.
Não há dúvida de que há interesses de diversos matizes por trás de todo esse pandepá.
Sobre o assunto, leia ainda:
- Enem é a banda larga que leva o pobre à faculdade, diz Hadad no Conversa Afiada
- Prejudicados do Enem não chegam a mil, segundo Hadad a Luiz Nassif
- Sobre PSAT, SAT e os critérios das universidades nos Estados Unidos, depoimento do Azenha em Vi o Mundo
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Fiquei feliz ao ler, em notícia publicada pelo “insuspeito” Estadão, via Luiz Nassif On Line, de que tenho companhia ilustre na avaliação de que o vestibular nos moldes antes praticados é retrocesso. O professor Mozart Neves, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e membro do Conselho Nacional de Educação, por exemplo, é categórico: “A gente não pode voltar atrás, para o modelo arcaico dos vestibulares”, diz o educador.
Ele não é único. Transcrevo, abaixo, notícia publicada na página da Liderança do PT no Senado, sobre o que pensam os reitores das universidades federais a respeito.
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Reitores declaram apoio e veem no exame a forma mais adequada de seleção
Enem 2010
Terça-feira, 09 de novembro de 2010 – 12:07
Reitores de universidades federais declararam apoio ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso nas instituições públicas de educação superior. Para eles, as situações ocorridas nas provas do fim de semana — troca de cabeçalho no cartão-resposta e falhas gráficas na prova amarela — não afetam a credibilidade do exame.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira Brasil, reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), afirma que as universidades passam a usar o Enem como processo seletivo na medida em que o exame transmite confiança e apresenta progressos. “Do primeiro para o segundo ano do novo Enem, o número de instituições que o adotam como forma de ingresso cresceu significativamente”, disse. “Isso mostra que [o Enem] é um instrumento positivo. É uma forma de acesso mais justa aos estudantes.”
Na opinião do reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo Filho, as soluções apontadas pelo Ministério da Educação para resolver as ocorrências das provas do último fim de semana são viáveis e impedirão que alguém saia prejudicado. “O novo Enem ainda está em processo de consolidação, mas não há como negar que houve avanço significativo do ano passado para cá”, afirmou. “O Brasil só tem ganhado com esse tipo de prova, que é um mecanismo de inclusão nas universidades.”
Reitores que acompanham a cerimônia de instalação de polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em Maputo, Moçambique, também se pronunciaram sobre a importância do Enem. A reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Malvina Tuttman, destaca o Enem como “instrumento importante de acesso à universidade”. “A UniRio foi uma das primeiras a usar o Enem como fase única no processo seletivo”, lembrou. “Continuaremos defendendo a forma democrática de acesso à universidade.”
O reitor da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), Paulo Speller, salientou que a instituição — a mais nova das universidades federais — já nasce adotando o Enem como forma de ingresso. “Não há dúvida de que é o melhor caminho para o processo seletivo dos estudantes. O vestibular tradicional, hoje, está obsoleto e não cabe voltar atrás.”
Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), o reitor Carlos Sediyama, faz coro: “A filosofia do Enem já está aprovada pela população brasileira e pela comunidade acadêmica”.
“O novo Enem já nasceu bem-sucedido”, disse Henrique Duque Filho, reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O dirigente lembrou que os reitores não foram obrigados a aderir ao exame como forma de ingresso. “Todos os que aderiram levaram aos seus conselhos universitários o debate sobre a adoção ou não do Enem”, destacou.
Assessoria de Comunicação Social