No túnel do tempo, em Beagá

por Sulamita Esteliam

Ontem não foi possível atualizar o blogue mais cedo. Foi uma correria dos diabos para conseguir fechar compromissos, fazer as malas e não perder o vôo, no Recife. Só no ônibus que me levou e à minha filha, Gabriela, de Confins para o centro de Beagá abri o computador.

Iniciei o texto, mas somente agora consegui terminá-lo – depois de abraçar a filha Carol, que me hospeda; falar com o filho, Elgui, que também mora na terrinha, por telefone, e dar notícia aos que ficaram em casa. Viemos ajudar o caçulinha da família, Mateus, filho do filho, assoprar sua primeira velinha. Uno o agradável ao útil: tenho mais o que fazer por aqui.

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No trajeto, leio no Facebook que a terrinha me dá as boas-vindas: com a demissão de 14 jornalistas pelo Hoje em Dia, dia 24 – há tempos parte da rede bispo Macedo, já pertenceu ao ex-governador Newton Cardoso. O último jornal em que trabalhei em Beagá – em regime de alta turbulência, diga-se – de cujo projeto original fiz parte, e de onde saí em 1991, encabeçando extensa lista de candidatos a demissão voluntária.

Mas essa é longa e emaranhada história. Que, aliás, me preparo para contar em novo livro, em fase de gestação. Aguardem, com paciência, pois.

Tome-lhe passaralho! Somados aos oito colegas que perderam o emprego no segundo semestre de 2010, são 20 demissões em menos de seis meses. Tudo como dantes. Muda-se o comando, o local, o veículo ou organização, mas as práticas continuam as mesmas. Como disse, conheço essa história, e muitas outras, demasiado de perto  – em tempos idos e atuais.

Curiosamente, andei vasculhando meus alfarrábios e escaneando fotos e documentos esta semana. E não creio em coincidências… menos prováveis do que as bruxas.

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A notícia no Facebook quem publicou foi a jornalista Eneida Ferreira da Costa, jornalista da TV Assembleia, para onde entrou por concurso, há cerca de três ou quatro anos. Minha amiga-irmã desde os tempos de faculdade.

Aliás, aniversaria no domingo, 27. Parabéns, negra guerreira! É muito bom partilhar a vida com você, mesmo que nem sempre por perto – mas nunca nos abandonamos, não é verdade.

Eneida é candidata à presidência do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, em eleições que ocorrem em maio, o que muito me orgulha. Encabeça a Chapa 1, o que significa que haverá disputa – ainda não sei detalhes das composições, mas saberei, e voltarei ao assunto aqui no blogue.

Afinal, tenho ligações quase umbilicais – com a Eneida e com o Sindicato. No final dos anos 80, início dos 90, integrei a direção da casa, como vice-presidente.  Afastei-me para buscar caminhos em Brasília – e de lá para o Nordeste. Mas o Sindicato não saiu de mim.

Eneida tem todo o meu apoio, e não apenas porque somos amigas-irmãs. Ela conhece como poucos os meandros profissionais nas Alterosas. Desde a faculdade, milita pela causa da categoria – faz no meio jornalístico o que seu pai fazia no meio ferroviário.

Tem marca de origem a minha amiga. Sabe das dificuldades. Sabe compartilhar. Sabe lidar com as diferenças, com jeito próprio. Sabe trabalhar em parceria, com o coletivo. Sabe formular ou buscar saídas. Tem garra e disposição para contribuir.

Como se diz por aqui, nas Gerais, é a fome com a vontade de comer.

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Era na casa dos pais da Eneida, na Sagrada Família, que nossas festas de confraternização aconteciam – sim, nós, turma de 1979 da comunicação social da Fafich – Faculdade de Filolsofia e Ciências Humanas da UFMG. Velhos, bons e saudosos tempos. Cravaram amizades para sempre.

A calhar, postei algumas fotos no Facebook, ontem.