por Sulamita Esteliam

A TV Brasil exibe, dias 04, 05 e 06 deste mês, a série O Dia que durou 21 Anos, que dá luz aos bastidores que levaram ao golpe de 1964. Inclusive sobre a participação dos Estados Unidos na deposição de João Goulart e na instalação da ditatura militar no Brasil. Imperdível, em particular para quem, por qualquer motivo, desconhece a história.
Narrado pelo jornalista Flávio Tavares, o documentário é apresentado em três episódios:
01) No primeiro, desnuda as ações do embaixador estadunidente no Brasil, à época, Lincoln Gordon, as inquietações do governo que representa e dos militares brasileiros com os rumo do governo Jango, e o temor da esquerdização do país. A criação do Ibad – Instituto Brasileiro de Ação Democrática, que daria cobertura aos Estados Unidos para derrubar o presidente.
2) No segundo, a morte de Kennedy, a posse de Lindon Johnson, as estratégias do governo do norte para impedir que o comunismo, a partir de Cuba, se alastrasse pela América Latina. O discurso de Jango na Central do Brasil, no dia 13 de março de 1964, pelas chamadas reformas de base, mote para os golpistas. As forças americanas, enviadas para o controle das massas, não precisam entrar em campo. João Goulart pega um avião para o Uruguai, “para evitar o derramamento de sangue inocente”. É trazida a público a troca de informações entre Lincoln Gordon e a Casa Branca, sobre as ações secretas junto às Forças Armadas, a reação da imprensa e dos grupos católicos no Brasil.
3) O terceiro e último episódio parte do 1º de abril de 1964 é a consolidação do golpe: o cargo de presidente da República é declarado vago pelo Senado; assume o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, que no dia 15 transfere o cargo para o marechal Castelo Branco, chefe das Forças Armadas. O regime endurece, vêm os atos institucionais 1 e 2, que extingue os partidos, torna as eleições indiretas e prorroga o mandato do militar de plantão. Em 1968, o general Costa e Silva está no poder. Vem o AI5, e o terror é instalado: censura, prisões, tortura, arbítrios de toda sorte. É o golpe dentro do golpe – com apoio reforçado dos Estados Unidos.
A direção do filme é de Camilo Tavares, que também assina o roteiro e as entrevistas, junto com Flávio. O Dia que durou 21 Anos é uma co-produção da TV Brasil com a Pequi Filmes. Clique aqui para saber mais detalhes no Blog do Nilmário, que reproduz matéria da TV Brasil.
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A propósito, a Agência Carta Maior, onde capturei as fotos desta postagem, publica artigo de Nilmário Miranda sobre sua participação na resistência à ditadura militar – aqui. Aliás, Nilmário é um dos personagens do livro desta escriba, Estação Ferrugem, que resgata a história do movimento operário e da repressão aos seus opositores na região operária de Belo Horizonte Contagem.
O livro foi editado em 1998 pela Vozes, em parceria com a
Prefeitura de BH, como parte das comemorações do centenário da cidade, completados um ano antes. Não houve reedição. A autora recuperou os direitos autorais sobre a obra e busca nova editora, aberta a sugestões e propostas, naturalmente. Há pouco tempo, Nilmário se referiu ao livro numa postagem em seu blogue.
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Ainda sobre a ditadura, e o direito à verdade, recomendo conferir o especial que Carta Maior publica sobre o assunto, sob a vinheta: 1964-2011 – A hora da Comissão da Verdade.

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