por Sulamita Esteliam
O amigo jornalista e poeta, Carlos Barroso, me envia das Gerais homenagem a Millôr Fernandes, que foi habitar as estrelas, semana passada. Publico a seguir, em segunda, mas necessária mão; a primeira, conta o autor, foi há dois anos no Cometa Itabirano, o alternativo mais longevo destas plagas – já passa dos 30. A imagem ao lado foi capturada no Facebook, postada pela também jornalista mineira, Valéria Said, e compartilhada por esta reles blogueira, dia 29 de março.
Enfim, como diria o próprio, “livre pensar é só pensar” :
Aforriscos
A Millôr, o melhor
Relativamente, o tempo é confuso: o futuro está na eternidade de um segundo.
A fé remove montanhas, mas não mexe na MBR.
Duas leis perduram no Capitalismo: a concorrência e a fraude, sendo que a segunda quase sempre anula a primeira.
Verdade absoluta, meio santa, meio puta.
A vida é uma cachaça quando não vem com metanol.
Mal-me-quer, mal-me-dá.
Fome não faz Al Capone.
Todo ego é energúmeno.
Avião é o meio de transporte mais seguro do mundo – quando está taxiando.
Em sociedade tudo se sabe — micróbio na salada de alface.
Infâmia é o preço da História.
Deus criou o homem no último dia de trabalho e foi para a fila do seguro-desemprego.
Casar é risco demasiado; melhor amasiado.
Futebol é o óbvio do povo.
Grana compra bons vinhos e a grama do vizinho.
O comunismo perdeu terreno quando trocou a comuna pela dacha.
O meu segundo melhor gozo é o champanhe.
Tão sensível que considerava um buquê de flores um assassinato à natureza. Chamava-se Hitler.
Para bolor, humor.
Correia não ensina a dominar arreio.
A rosa mais bela é a trepadeira.
Marx era um otimista incorrigível. Insistia que a humanidade já se encontra na pré-história.
O tempo come o pé da pressa e o traseiro da inércia.
Quem pendura as chuteiras exala chulé.
Se o diálogo com a sua mulher é parecido com o que você tem com o dentista quando está com a broca na boca, troque a mulher e mantenha o dentista.
Nem toda propriedade é um arroubo.
Por que todo abastado diz que só dinheiro não basta?
Gozo, logo uso guizo.
Se Deus é grande, o homem é seu dessemelhante.
Jornalismo é colocar o rei nu, com o dedo no…
De tantas veleidades, vem a idade. Das coisas vãs, restam cãs.
Deslumbrado feito um otário em apresentação de sinfônica.
Amar até as axilas.
Coisa privada não se publica; coisa pública é na latrina.
Humor é xampu de lavar miolo.
De Gaulle exagerou quando disse que o Brasil não é um País sério. Mas nossa História tem um quê de piada. Exemplo: a severa ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo – aquela que sequestrou a poupança a mando do Collor – dançou um tango de rosto colado, à meia-luz, com o colega da Justiça, Bernardo Cabral, para depois se casar com Chico Anísio.
Escritor constrói — a Niemayer ou à BNH.
Todo mundo é honesto, mas adora ganhar roubado.
Minha Bic bica.
Lula sem vista vesga: no Congresso, Ali Babá e muito mais do que 300 picaretas.
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