por Sulamita Esteliam
Meu amigo Ruy Sarinho, jornalista com amor inquebrantável pelo rádio, pela cultura popular e pela gente do povo, me envia a crônica que transcrevo a seguir, com tristeza no coração.
Relata a perda de mais uma vida pela violência, desta feita, a de um homem que viveu a vida para cantar e levar sua música para a alegria das gentes simples como ele: Horácio Reis, o Rei do Caqueado, que tive o prazer de conhecer e conviver por breve tempo, nestes tempos do Recife – por obra e graça de Ruy, nosso Dom Quixote da Comunicação.
A despeito da tragédia que o vitimou, tomara os céus o tenham acolhido com profusão de acordes.
O Rei do Caqueado parou de sonhar!
O caqueado pernambucano perdeu o seu Rei.
Meu Véio Mangaba, minha repórter-pastora Cici, do Banco de Feira, minha apresentadora Sulamita Esteliam, do Violência Zero. E por falar em violência, tão comum e que nos agride a todos, mataram o nosso Horácio Reis – O Rei do Caqueado -, como era proclamado. Um artista do povo, e com a alma mais íntima desse povo, que animou por quase todo o ano de 2010 o nosso Banco de Feira, levado ao ar, ao vivo, pela Rádio Olinda AM, todos sábados de manhã, programa itinerante direto dos mercados públicos, feiras livres, morros do Recife e Olinda e até da Penitenciária Feminina Bom Pastor, logo após o Violência Zero.
A estupidez da violência do Recife levou a melhor, apagou o sonho que Horácio sonhava, 24 horas por dia, de se tornar um cantor reconhecido, de ter seu espaço na música brega pernambucana.
Parecia um menino sonhador, principalmente depois de tomar a sua cervejinha gelada. Telefonava para mim quase todos os dias, e sempre perguntava: cadê o Véio Mangaba, a Pastora Cici, tem visto Sulamita? E Eutrópio?
Só soube do assassinato, covarde, de Horácio Reis ao anoitecer desta terça-feira, logo depois de ouvir a oração das 18 horas na Rádio Pajeú AM, de Afogados da Ingazeira, com a Ave Maria Sertaneja cantada por Luiz Gonzaga. O vereador olindense, Marcelo Santa Cruz ligou para mim – para dar a informação que tinha tomado conhecimento na Câmara Municipal de Olinda, naquela tarde.
Foi Eutrópio Édipo, dono da Escola ACE, de inglês, e um dos editores do Violência Zero, quem me apresentou a Horácio, para abrir espaço no programa para o amigo. E Horácio Reis foi quase uma figura permanente nos programas, cantando e vendendo seus CDs independentes nas apresentações.
Ele também era figura carimbada nos shows do Projeto Rádio do Povo, da Rádio Jornal, dirigido por Ednaldo Santos, e apresentado por Adilson Oliveira, dos bairros do Recife e Região Metropolitana.
Horácio Reis foi morto na última sexta-feira, após discutir, ao que parece, com um morador de rua, no Pátio de São Pedro. Na saída, o indivíduo covarde juntou-se com outros e o assassinaram, sem lhe dar chances de defesa.
Além da música brega, Horácio Reis dedicou-se a campanhas políticas na Cidade Tabajara, bairro em que morava; como as de João Luiz, para vereador, em 2008, Ana Arraes e Waldemar Borges, e, neste ano, a de Arlindo Siqueira, eleito vereador de Olinda.
A Câmara Municipal da cidade está encaminhando requerimento à Secretaria de Defesa Social, cobrando a investigação e prisão dos criminosos que mataram Horácio Reis – O Rei do Caqueado – e um artista do povo; para que não seja mais um crime impune.
Ruy Sarinho
Olinda, 06 de novembro de 2012


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