por Sulamita Esteliam

A inauguração do mais novo shopping center do Recife, há coisa de uma quinzena, foi notícia em todos os veículos de comunicação. Até porque, a cidade parecia “enlouquecida”, como definiu a amiga pernambucana, Ana Veloso, jornalista e professora de Comunicação, que manifestou sua estranheza no Facebook – com este e outros fenômenos – e Euzinha compartilhei.

O povo acorreu em massa, causando horas e horas de congestionamento ao longo de todo o dia e noite adentro. Lá dentro, as fotos publicadas são prova disso – exemplo ao lado -, era impossível se mexer, que dirá respirar.
Por mais que eu tente, não consigo entender como e por que alguém pode se submeter a uma situação dessas. Enfim, como diria minha avó Ceição, “gosto e bunda, cada um cada qual”…
Esta reles blogueira só vai a um desses “templos de consumo”, como diz Frei Beto quando não tem alternativa. Não obstante, sofreu de perto as consequências, espremida que foi, num ônibus mais lotado do que o normal, durante quase duas horas. Claro que não para conhecer o tal centro de compras, mas para conseguir retornar para casa, após um dia de quase-trabalho e estresse necessário; mas isso é outra história.
Obviamente que o empreendimento é assunto para a mídia, porque gera empregos, porque mexe com o comportamento das pessoas, com a vida da cidade. Inclusive do ponto de vista ambiental, pois o shopping foi construído em cima e em prejuízo do mangue; só que isso não é objeto do noticiário.
Não foi notícia, também, a negligência no atendimento que levou à morte um cliente, vítima de ataque cardíaco dentro do centro de compras, quatro dias após a estrondosa festa de inauguração. Nem uma linha na mídia convencional de Pernambuco – não que eu tenha visto, lido ou escutado. A busca na rede, também não traz qualquer informação a respeito, a não ser em blogues independentes – aqui, aqui e aqui.
Não surpreeende. O tal shopping é propriedade de um dos barões midiáticos de Pernambuco: Paes Mendonça, do grupo JCPM – leia-se, Jornal do Commercio, TV e Rádio Jornal, Portal NE1o e etecéteras…
Assuntos desagradáveis aos donos do poder econômico, principalmente, são ignorados, solenemente, inclusive pela concorrência. Mesmo quando o que está em risco é a vida das pessoas. A responsabilidade social de informar esmorece diante do – por assim dizer – pacto de classe.
O fato aconteceu dia 03 de novembro. Transcrevo o depoimento do filho da vítima, postado no FB no fim de semana. O acesso me foi dado por alerta do meu amigo pernambucano, jornalista e homem de rádio, Ruy Sarinho, que me enviou por correio eletrônico a postagem em dos blogues locais que linquei acima.

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