por Sulamita Esteliam
Em Minas existe uma expressão que traduz bem meu estado de espírito com o que anda acontecendo na política, em todos os níveis, desse nosso Brasil de meu Deus: tô enfarada.
O fundamentalismo grassa. O patetismo abunda. O cinismo derrama. A hipocrisia inunda.
Vade retro!
Ai, que preguiça!
E mais não digo, porque hoje tá danado.
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Enquanto isso, no Egito, uma cartunista cutuca, com a vara curta de sua arte, o fundamentalismo machista de seu país. Dooa Eladl é uma jovem de 34 anos que ousou se meter num mundo completamente dominado pelos homens, e o está, de acordo com o sítio Alternet, virando “de cabeça para baixo” – também no Contraversão.com.
Ativista do levante egípcio, ano passado, ela e seus colegas imprimiam charges, impublicáveis na imprensa local, e as distribuíam na Praça da Tahir, onde se davam as manifestações. Na nona edição do Forum Social Mundial, na Tunísia, na última semana de março, Dooa foi uma das feministas a discursar na Assembleia de Mulheres.
Foi na Tunísia, como se sabe, que brotou a Primavera Árabe – que, aliás, já virou outono.
Dooa assegura não pertencer a qualquer partido político ou organização. Mas é daquelas que acreditam que o artista deve usar sua arte para combater a injustiça e a opressão.
Ganhou fama e um processo por blasfêmia, por, segundo seus acusadores, difamar profetas e religiosos. Mas seu traço e a irreverência de suas caricaturas põem o dedo na ferida do absolutismo religioso que domina seu mundo.
Em nome da religião, lá, se prega e se alimenta o assédio, o abuso e a violência doméstica, sexual, física e psicológica contra mulheres e meninas. É a contramão de todos os tratados internacionais sobre direitos humanos das mulheres. “O poder da religião é usado para dominar as mulheres”, acusa a caricaturista.
Por exemplo, a prática da mutilação genital e do casamento de adultos homens com crianças mulheres ainda é comum, sobretudo na zona rural do Egito, aponta Dooa. Tudo sob as bençãos de Alá e do Estado.
É nosso dever de solidariedade multiplicar as denúncias. Mas temos lições a tirar disso.
O que dizer do nosso mundo tupiniquim em tempos vigentes mais do que tal e qual de antanho? Ora, dirão os arautos maquinados: aqui, pelo princípio constitucional, vigora o Estado laico, o STF é guardião da Carta Magna, as igrejas respeitam as mulheres e as criancinhas, os políticos não sujam as fraldas e a imprensa, esta, é livre e isenta.


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Valeu, irmão! Obrigada.