por Sulamita Esteliam
Ainda enredada em meus pequenos-grandes problemas domésticos, e sem cabeça para escrever. Daí a ausência prolongada.
No entanto, o Universo tem sido generoso, e tenho muito o que agradecer ao Pai, à Mãe e aos Anjos Celestiais, que nos tem coberto de bençãos, e sou muitíssimo grata.
Certamente contribuíram as preces e os bons fluidos emanados por todas as pessoas queridas, aqui, acolá e alhures, nesses momentos de especial delicadeza em minha vida.
Muito obrigada.
Tenho buscado escapes, sempre que posso. A leitura é apenas uma delas.
E topei, dia desse, num passatempo de palavras cruzadas, com uma frase de Affonso Romano de Sant’Anna, poeta e cronista mineiro. Diz o seguinte: “Quando não sabemos como dizer certas coisas, pedimos a voz do poeta emprestada e entoamos uma verdade simbólica”.
Busquei e encontrei em Adélia Prado, mineira de Divinópolis, palavras que vêm a calhar ao meu momento. Escolhi-as para desejar harmonia, saúde, abundância e Luz nesta Páscoa:

Antes do nome
Adélia Prado
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo.
Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.