por Sulamita Esteliam
Que moral tem a Rede Globo de Televisão para questionar o governo, qualquer governo, sobre corrupção? E se a Dilma perguntasse, cadê o darf? O pensamento me ocorreu enquanto assistia à entrevista-debate com a presidenta Dilma no Jornal Nacional da segunda que passou.
Por que o emérito entrevistador, Bonner, e sua diligente parceira, Poeta não questionaram a presidenta sobre o alto índice de evasão fiscal no Brasil? Por que não perguntaram a razão de o governo não apertar o cerco aos sonegadores que importam? E sobre como a sonegação impede o aumento de recursos a serem aplicados na saúde, por exemplo?
Ou, ainda, o motivo pelo qual a reforma tributária é empurrada de governo a governo, de legislatura em legislatura?
A razão é simples: são as grandes empresas, nacionais e multinacionais, e dentre elas os bancos e as concessionárias de TV, os maiores sonegadores. E já não é segredo para ninguém: a Globo está entre elas.
Se a emissora do Jardim Botânico paga lautos salários (é o que supõe, dado o nível de fidelidade) para alguns de seus jornalistas amestrados fazerem o que seu mestre manda, não paga seus impostos – ou pelo menos não todos.
A Tal Mineira publicou sobre o assunto em meados de julho, dentre outras postagem acessíveis a partir daqui.
Pois bem, enquanto Pernambuco e o Brasil choravam a morte de Eduardo Campos, ex-governador do estado e candidato à Presidência da República pelo PSB, a blogosfera mundial se agitava. O motivo: o vazamento da íntegra dos documentos do processo da Receita Federal contra a TV Globo.

São mais de 600 páginas em dois documentos disponíveis para quem quiser baixar. A ideia é que a inteligência coletiva da blogosfera e das redes sociais ajudem a traduzir os meandros do processo. É só clicar: Doc 1 e Doc 2.
Recebi o acesso por correio eletrônico, via campanha Mostre o Darf Globo, na sexta-feira, 15. Em meio à comoção da tragédia que resultou na morte de Eduardo Campos e mais seis pessoas de sua equipe, achei que seria inócuo divulgar.
Envolve a bagatela de R$ 615 milhões, a preços de 2005, quando se lavrou o auto de infração. Não é mais só o blogue O Cafezinho, que saiu à frente na denúncia, e algumas centenas de “blogueiros sujos” que o seguiram, como o A Tal Mineira. O vazamento veio do exterior, via fonte não-identificada.
Sabe-se: na origem do duto que alimenta a corrupção está a sonegação de tributos. E não sou Euzinha quem o diz. O ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, pernambucano de origem, prócer do Instituto Milleninum, ninho tucano, calculava em cerca de R$ 1 trilhão o volume de impostos surrupiados no país em 2012, ou cerca de um quarto do PIB de R$ 4,1 trilhões em valores de 2011.
E “o nome disso é corrupção” – aqui.