
por Berta Lopes – de Belo Horizonte, especial para o A Tal Mineira
A foto fake das autoridades mundiais na passeata em Paris cabe como uma luva na hipocrisia das empresas jornalísticas do Brasil. A Folha proíbe Xico Sá de publicar texto em favor de Dilma, Estado de Minas proíbe João Paulo de falar de política. Depois berram: Je suis Charlie. Eu digo, vous n’êtes pas Charlie, merde! Quer ver?
Em 2012, a sociedade mineira berrou alto quando Walter Navarro escreveu uma coluna criticando o efeito manada Guarani Kaiowá, do facebook. Releio a coluna e, como na época, não vi nada além de o direito de expressar do colunista. Ele dançou.
Em 2003, a mão pesada da censura retira da redação da Globo Minas, ninguém mais ninguém menos, que o diretor de jornalismo, Marcos Nascimento. A irmã do candidato derrotado à Presidência da República, aquela que trabalhava de graça para o Governo de Minas, chefe do grupo de comunicação e crupiê das verbas publicitárias, deu um telefonema. O jornalista, segundo no ranking de executivos poderosos da emissora, foi demitido. O diretor de redação Luiz Fernando Ávila, foi removido para o Rio e até hoje é o segundo nome na ficha técnica do Jornal Nacional. O editor chefe do MGTV, Arthur Almeida, pegou um castigo. Rebaixado foi parar no Bom Dia.
No mesmo ano, o comunicador Paulo Sérgio, da Rádio Itatiaia, foi demitido porque usou seu microfone para denunciar a falta de segurança em Minas e cobrar providências. R o colunista Ugo Braga, do hoje falido e fracassado jornal Estado de Minas, também perdeu o emprego. Ele ousou escrever uma notinha de cinquenta toques, no máximo, comparando o então governador Aécio Neves ao falecido tucano, ex-governador de São Paulo, Mário Covas. Assim como o paulista, Aécio foi avaliado como o segundo pior governante, pela Brasmarket, perdendo apenas para o sergipano João Alves (PFL) e para roraimense Francisco Flamarion (PSL).
Tudo isso está registrado no Vídeo, “Liberdade essa Palavra”, uma obra prima do então formando em jornalismo, Marcelo Baêta.
Desde 2009, o jornal “Estado de São Paulo” está sob censura imposta por decisão da Justiça do Distrito Federal. O representante do PIG – Partido da Imprensa Golpista – veja só – está proibido de citar Fernando Sarney, filho do aposentado José Sarney. A última decisão sobre o tema é de maio de 2013. O Superior Tribunal de Justiça, o STF, manteve a decisão distrital.
No dia 7 de janeiro deste 2015, que mal e mau começou, acontece o ataque e o efeito manada. “Je suis Charlie”. Jornalecos e jornalões mineiros e brasileiros aderem à corrida desembestada.
O “Estado de Minas” sai com uma capa que passa, em muito, dos limites do ridículo. O pasquim que se vendeu, caro ou barato, retrata na primeira do dia seguinte: “Tiros na Liberdade”. Quem atirou esteve no palácio e está na cadeira de Chateaubriand.
Atire a primeira bala a quem deu o primeiro tiro.
Vous n’êtes pas Charlie, merde! You are not Charlie, shit!
Você não é Charlie, porra nenhuma!
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Essa Berta é muito boa, hem?
Melhor impossível… kkkk