por Sulamita Esteliam
Há algumas semanas retomei o Leitura Literária no canal do A Tal Mineira no Youtube. Descobri que gravar às segundas-feiras é muito mais prazeroso do que em qualquer outro dia da semana.
Na edição desta segunda, a última antes de a gente votar para ser feliz de novo, e a propósito dos acontecimentos recentes na campanha, começo perguntando:
- Qual a relação entre política e estética? E quais as semelhanças e diferenças entre política e estética?
- E as semelhanças e diferenças entre política e ética?
Márcia Tiburi, filósofa e escritora gaúcha – em autoexílio político em Paris, por conta de ameaças à sua vida a partir da campanha a governadora pelo Rio de Janeiro -, escreveu um livro que trata dessas e de outras questões pertinentes à “nova” política.
O título é: Ridículo Político – Uma investigação sobre o risivel, a manipulação da imagem e o esteticamente correto. Editado pela Record, Rio de Janeiro, 2017. E já me referi à obra em outros textos aqui no blogue.
É livro que deveria ser lido por todos que, como Euzinha, amam política, mas principalmente por quem diz que detesta política.
Mostra que a ética e a política são dois lados de uma mesma fita – um passa pelo outro. Assim, o mal-estar que se costuma ter em relação à política, tem como fundo uma questão estética, que nos confronta com a ética.
É como a borra do café no fundo da xícara, compara Tiburi, incomoda, mas é inevitável para quem aprecia um bom café. E dizem, pode ajudar a ler nosso destino; questão de acreditar.
A publicidade é ferramenta indispensável para viabilizar a estética da visibilidade a qualquer custo, premissa da sociedade do espetáculo. Aqui o parecer é mais importante do que ser, cortina de fumaça para a realidade.
Lembra alguma coisa que acontece neste país?
O conceito de ridículo político entra não como algo insifnificante, risível, constrangedor, embora também o seja; mas como algo que deturpa para esconder o que não pode ser mostrado ou não se quer mostrar.
Tipo, polícia federal alvo de tiroteio – e a policial atingida por estilhaços de grana de efeito moral estava grávida e perdeu o bebê; ou entrevista em podcast onde se menciona que “pintou um clima” com meninas de 14 e 15 anos num sábado à tarde em São Sebastião do Distrito Federal.
O riso, o escandaloso é deliberado, é método para camuflar a realidade, para esconder a verdade. Por exemplo, a mudança no sistema de correção do salário mínimo, que equivale a achatamento do valor, caso o desgoverno se reeleja – o que não vai acontecer.
Sabe aquela vergonha alheia? – tao bem desenhada pela Carol Cospe Fogo, obrigada. Pois não é incompetência pura e simples, é técnica de manipulação, jogo de poder.
Márcia Tiburi escreve, e é bom refletir sobre:
“Todas as relações se dão a partir de jogos de poder, e são políticas: dominação, exploração, rperessão, hierarquia, controle, disciplina ou simplesmente sedução.”
Deixo o vídeo:
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