Escute o áudio desta postagem:
por Sulamita Esteliam
Olá, companheirada de trilha, luta e blogagem!
Registro que este blogue A Tal Mineira está em seu 14ª ano de tricotagem, completados em 11 de setembro. Celebramos, retardatáriamente, tornando-o mais inclusivo.
A partir desta, todas as postagens serão acompanhadas de áudio, o que facilita a frequência tornada semanal, ou quase, no último ano.
Daí que o título desta postagem, que inaugura novo tempo é: 14 anos do A Tal Mineira e a velha busca humana pela felicidade.
Este blogue nasceu diário, em ano eleitoral, e durante todos esses anos buscou cumprir seu papel de ser um dos contrapontos à narrativa da mídia convencional e à danação do seu viés golpista. As exceções só confirmam a regra.
Recomendo a quem duvida ler A História da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré, Mauad, 1999. Aliás, preciso recuperar meu exemplar, que emprestei para ente querido, faz uns 15 anos. Será que se esqueceu de devolvê-lo, ou não se lembra a quem pertence?
Bom, fato é, e aí está você que não me deixa mentir, que o A Tal Mineira tem procurado ser um combatente às mentiras que se tornaram moeda comum na comunicação e na política deste país – desde a trama que apeou a presidenta Dilma Rousseff do seu mandato, mais do que sempre.
Vez por outra, respira fora da caixinha para tomar fôlego e tentar ser feliz.
Trabalho voluntário, diga-se, autosustentado. Vale dizer que esta reles blogueira paga para trabalhar. Ou economiza terapeuta no tricotar palavras como um agente do refletir.
Alguns me recomendaram: “Bote um anúncio: ‘Contribua para o blogue!” Está lá, há dois anos: não caiu centavo na conta/pix divulgados. Não reclamo. A vida andou à beira do abismo. Sobreviver com dignidade é um prêmio.
Feita a observação, é preciso entender que comunicação é política. Informação, além de ser direito, é ouro e a narrativa é disputa de hegemonia – para o bem e para o mal.
Portanto, vocação política é inegável em qualquer veículo de informação ou contrainformação, conservador ou alternativo. Indispensável é o foco no direito à verdade, à informação crítica.
Liberdade de expressão, que não inclui achincalhe às pessoas e qualquer tipo de afronta às leis do país sustentadas na Constituição Federal.
Direitos humanos, a bem da consciência, do respeito ao próximo e da justiça social.
Que país é este? A pergunta de Cazuza não tem outra resposta possível: é o nosso país, o país que deveria ser de todos e para todos, todes e todas as pessoas brasileiras.
A pauta do blogue compreende direitos humanos em seu sentido amplo: cultura, educação, acesso à escola, ao livro, à biblioteca e à saúde; segurança cidadã, diversidade sexual, trabalho, comida, respeito, prazer, solidariedade, inclusão, alegria, amor, arte, música, diversão, balé.

Em resumo, tudo que é essencial à felicidade, nosso “bem absoluto”. Palavra de Aristóteles em Ética a Nicômano. A busca da felicidade é razão de toda e qualquer ação humana, afinal. É, na versão filosófica brasileira, o esperançar de que trata nosso educador Paulo Freire.
Alguns a buscam como um fim em si mesmo, sem importar os meios. E o fazem para ostentar o que não têm, ou o que têm e não sustentam a origem, muito menos repartem.
É o jogo do faz de conta, atabalhoado ou egoístico, ganancioso, mesquinho, muitas vezes antiético, eivado de ilicitudes, desesperado.
Vale até arriscar-se à cadeirada pública ou perder a compostura publicamente – quase nada perto de quem é capaz de arrestar a decência.
Negam-se esses tais à maior das virtudes, conforme Epicuro (341 a.C): a prudência, a mãe da sabedoria.
Para o filósofo da Grécia Antiga, o caminho da felicidade inexiste “sem beleza e justiça”. É preciso concordar com seu pensamento.
O outro lado da moeda é a ousadia, que impulsiona a busca do elixir supremo da felicidade, e quem o diz é Arthur Schopenhauer.
O filósofo prussiano, que nasceu na Polônia, estudou na França e na Alemanha, onde viveu boa parte do tempo e até à morte, alinha prudência e ousadia para traduzir a vontade de vida.
Consta que, quando o pai dele morreu, e Schopenhauer cumpriu o legado de substituí-lo no papel de protetor da família. Recolheu-se ao interior da Alemanha, abandonando as viagens de estudos a que se dedicava. Dois anos transcorridos, a mãe o libertou, aconselhando-o: “Vá atrás da sua felicidade”.
Jogo de faz de conta, cinismo, medo, covardia, finjimento, deboche e hipocrisia jamais serão caminhos para a felicidade.
Não, não li a obra completa nem as biografias dos filósofos da antiguidade ou do século dezenove referidos, devo confessar. Apenas coleciono extratos que colho em minhas experiências de leitura, vida afora; mantenho uma boa biblioteca, além do mais.
Também não estudei a fundo a extensa obra do contemporâneo pernambucano, universal, de quem sou fã, ademais. Se vivo estivesse, Freire faria 103 anos neste 19 de setembro.
Entretanto, sou boa aprendiz. E a internet está aí para não deixar nada e ninguém sem respostas.
A reflexão sobre a felicidade é central, por exemplo, em um dos artigos do livro O Amor como Urgência, Bargaço, 2024, do professor pernambucano Nelino Azevedo de Mendonça. Ando a degustar e recomendo. Leva o sugestivo título: “Aparências de felicidade e felicidade sem aparência”, páginas 57/64.
Entrevistei-o em meados deste ano no Violência Zero, quadro de abertura do Projeto Banco de Feira: rádio em mercados, feiras e praças públicas de Pernambuco, com incentivo do Funcultura. Experiência prazerosa, nascida no final dos anos 80, e trazida de volta, já com Euzinha na equipe, em 2010, 2022 e 2024.
Pena que acabou, ao menos até o próximo projeto.
Fico por aqui. Até porque, meu Galo acabou perdendo a contenda para o Fluminense, no campo adversário. Ser feliz é também a expectativa de uma explosão de gol, ainda que tardia. Virá!
Obrigada pela companhia, e até a próxima. Cuide-se bem.