por Sulamita Esteliam


Se é verdade que no Brasil o ano só começa quando acaba o Carnaval, então em Pernambuco ainda é ano passado – e Euzinha passei da hora de atualizar o blogue, mas sei que você compreende.
A Quarta-feira de Cinzas já virou pó, espantada pelo Bacalhau do Batata, em Olinda, e pelos Irresponsáveis, em Água Fria. Mas ainda tem folia nos quatro cantos: nesta sexta, de cinzas, a troça Parou Por quê? garante a farra em Olinda; no domingo, tem o Bloco da Ressaca, em Casa Forte, e o Camburão – bloco dos policiais civis e militares -, em Boa Viagem.
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A troça Parou Por quê?, presidida por meu amigo Ricardo Moreira, o Testão – poeta e escritor imortal da Academia Olindense de Letras – está nas ruas desde 1990, ano do seu primeiro desfile em Olinda. A partir de 98, ganhou também as ruas do Recife Antigo, aonde desfila no domingo de Carnaval. É puxada pelo Boneco Sexta-Feira, juiz do casamento do Homem da Meia Noite com a Mulher do Meio Dia, segundo reza a sua certidão de nascimento.

O Boneco Sexta-Feira – assim, mesmo, com tudo maiúsculo – é uma criação do artista plástico Sílvio Botelho. Segundo Testão, “em homenagem ao dia internacional da cachaça e dos amores proibidos”.
Concentra-se no Mercado da Ribeira, a partir das 19:30, saída às 21 horas. Palavra do Testão ou Ricardão. Sim, ele ganha a vida como fisioterapeuta respiratório.
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Carnaval não é só folia. Carnaval é cultura, tradição, investimento, emprego, geração de renda e receita. É também cidadania – “a gente não quer só trabalho”, certo?, lembram os Titãs.
Os números no Recife e em Olinda são superlativos. Duvida?
Clique para ler o balanço das prefeituras do Recife e de Olinda nos dias de folia.
Aqui você confere as fotos da folia nas ruas nos 17 polos da brincadeira na capital pernambucana.

E aqui, a galeria de imagens da festa que levou 1 milhão e 800 mil pessoas, durante quatro dias, às ladeiras de Olinda.
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Para não dizer que só falei de flores. Há que se lamentar o aumento da violência nas estradas brasileiras durante o carnaval. Em Pernambuco o crescimento foi de 50% em relação ao ano passado, levando 12 vidas, o dobro do número de mortes em 2010. Imprudência, aumento do número de veículos e más condições da estrada são os principais motivos, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Felizmente, não houve mortes, nem violência digna de nota, nos polos oficiais da folia em todo o estado. A Secretaria de Defesa Social registra dois homicídios “em aglomerações carnavalescas” no interior. Todavia, houve 67 assassinatos nos quatro dias de Carnaval, o que, segundo a polícia, representa 18,6% menos que em igual período de 2010. Vidas que se perdem por pura estupidez. Saiba mais aqui.