por Sulamita Esteliam

O colega mineiro Tom Paixão, em postagem no Facebook, foi na mosca: tudo a ver o 13 de maio com o resultado das eleições para a diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Minas. Ganhou a Chapa 1 – no Rumo Certo, em disputa com outras duas chapas. Significa que os coleguinhas das Gerais levaram à presidência da entidade a primeira mulher negra em 65 anos de história e, seguramente, uma das raras em todo o país. Ê, parrê!
Ensaiei rápida pesquisa pela rede: apesar de as mulheres serem maioria nas universidades, redações e assessorias de imprensa, dos 32 sindicatos de jornalistas filiados à Fenaj, apenas oito são presididos por elas: Rio Grande do Norte, Pernambuco – Ana Elói da Hora também é pioneira -, Pará, Município do Rio, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia e Dourados. Quando tomar posse, em 20 de junho, Eneida será a nona – e a segunda em Minas, que teve Dinorah do Carmo no final dos anos 90.
Não posso afirmar com segurança – nossos sindicatos não são muito pródigos em preservar memória na forma digital; só encontrei esse tipo de informação do sítio dos sindicatos de Alagoas e do Espírito Santo; fica o toque para a casa de ferreiro. Mas, creio que o Rio Grande do Norte, que hoje é presidido por Maria Nely Maia, foi o primeiro estado a eleger uma mulher presidente do Sindicato da categoria – em 1989. Cito de memória, já que estive na posse, representando a Fenaj (pedi confirmação via correio eletrônico, não houve retorno – se e quando chegar, confirmo ou corrijo, se for o caso)*.
Beth Costa, que foi a primeira mulher a presidir a nossa Federação, no final dos 90, também foi pioneira no município do Rio de Janeiro, no início daquela década. Fátima Oliveira, de Alagoas, chegou lá em 1996. O Ceará, também teve presidenta, Deborah Lima, no período encerrado em julho de 2010.
Mas o estado campeão em mulheres na presidência do Sindicato dos Jornalistas é o Espírito Santo, talvez a entidade mais jovem sob as asas da Fenaj (1979). A partir de 1991, seis mandatos foram entregues à representação feminina: Suzana Tatagiba, Sueli Freitas , Mônica Santos, novamente Tatagiba, reeleita sucessivamente desde 2003.
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Eneida Ferreira Costa é mineira de Belo Horizonte. Jornalista, formamos juntas em 1979, pela UFMG. Tem uma família linda: se não erro nas contas, ao todo são oito irmãs e irmãos, mais de uma dezena de sobrinhos e sobrinhas, duas filhas e um filho – que já lhe deu duas netas. Gente decente, alegre, bonita, talentosa, politizada, solidária, generosa, do melhor calibre.
Militante das boas causas, desde sempre, vem de uma linhagem de sindicalistas de fibra, dentre os quais o genitor, Eugênio Costa, que representou os ferroviários – aqui e aqui, neste blogue. Onde quer que esteja seu Eugênio deve estar quicando de alegria. Eu que sou amiga-irmã, estou feito “pinto no lixo”, como diria o saudoso Jamelão da Mangueira.
Eneida está à altura dos desafios que aguardam seu mandato à frente da direção do Sindicato dos Jornalistas de Minas. Não são pequenos nem poucos. Os tempos andam bicudos para nossa categoria e para a democracia da comunicação no Brasil. Vão exigir o melhor dos valorosos/as companheiros e companheiras que assumem pelos próximos três anos.
Com a participação de todos e de cada um de nós, naturalmente.
Todos os bons fluidos que eu seja capaz de emanar, presidenta. Muito boa sorte para toda a direção eleita. Que o Universo conspire, sempre, a favor de vocês.

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* Promessa é dívida: o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Norte está em sua quarta presidenta, Maria Nelly Carlos Maia de Amorim. A primeira eleita foi Ana Maria Cocentino Ramos, em cuja posse representei a Fenaj, no final dos 80. Maria Célia Freire Cabral foi a terceira e Maria da Conceição Almeida Peixoto, a quarta. Recebi do Sindjorn a informação, dia 17 de maio. Obrigada.
Ceiça, aliás, foi quem me hospedou em Natal; nos tornamos amigas e nos falávamos com frequência. Há muitos anos não nos vemos, justo agora que moro a quatro horas de ônibus da terra potiguar.
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Postagem revista e editada para correção do ano no 3º parágrafo: 1989, ao invés de 1988.
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