A leitura das pesquisas, para além do óbvio

por Sulamita Esteliam
Popularidade da presidenta segue alta, apesar das turbulências - reais e fabricadas - Foto: Flávio Luiz Pozzebom/AgBr

Pesquisas são pesquisas. Mas, é curioso como a leitura dos resultados de uma mesma sondagem pode ser diversa. Ontem, foram divulgados os números de mais uma pesquisa Ibope/CNI – Confederação Nacional da Indústria, que apontam queda nos índices de aprovação da presidenta Dilma Roussef e do governo, ainda que mantendo-se alta – aqui, na Agência Brasil.

Transcrevo, mais abaixo, a matéria, equilibrada, de Carta Maior. Agora, leia a avaliação de Ricardo Kotcho, em seu Balaio – meio sacudido – diga-se, com todo respeito – depois de sua transferência para o R7.

Clique para ler o resultado da pesquisa DataFolha.

E, aqui, a avaliação do cientista político, Marcos Coimbra, do Vox Populli, sobre O governo e as pesquisas.

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Agora, a reportagem de Carta Maior, que destaca razões que não as aparentes:

Política| 10/08/2011 |

Reprovação dos juros dispara, mas popularidade de Dilma segue alta

Índices de aprovação da presidenta Dilma Rousseff continuam elevados, embora menores do que em março, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (10/08). Recuo resultaria de ‘acomodação das expectativas’, depois de grande otimismo inicial. Com três aumentos de juros desde a última pesquisa, política do Banco Central viu avaliação piorar mais de 20 pontos percentuais, a maior reviravolta.

André Barrocal
BRASÍLIA – A desaprovação popular à política de juros altos do Banco Central (BC) disparou de março para julho e contribuiu para ligeira queda na popularidade da presidenta Dilma Rousseff, que no entanto continua elevada, de acordo com pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (10/08). Em março, havia empate em 43% entre os eleitores que aprovavam e reprovavam a política de juros. Agora, a segunda ganha da primeira de 63% a 29%.

Nenhuma das outras oito áreas importantes do governo pesquisadas (saúde, educação, combate à pobreza, controle da inflação, meio ambiente, combate ao desemprego, impostos e segurança) produziu tamanha mudança de humor no eleitorado, quanto os juros. A piora de março para julho foi de vinte pontos percentuais. Coincide com três, dos cinco aumentos de juros praticados pelo BC.

A política de juros é a terceira com pior avaliação do governo, atrás de saúde e impostos, ambos com 69% de reprovação. Dentre as nove áreas pesquisadas, a atuação do BC foi a única em que houve, concretamente, fatos que podem ser tidos como negativos e capazes de influenciar a percepção do eleitorado.

No geral, todas as noves áreas apresentaram aprovações mais baixas agora, mas sem que tenha havido nenhuma notícia ruim de grande magnitude. Não houve, de março para julho, nenhuma tragédia hospitalar ou aumento da carga tributária, por exemplo. A geração de emprego segue em ritmo intenso. A inflação mensal caiu.

O combate à pobreza, área mais bem avaliada do governo, com 57% de aprovação, assistiu inclusive ao lançamento de um programa de erradicação da miséria, em junho. E, mesmo assim, sua aprovação recuou entre março (61%) e julho (57%).

A explicação para a queda da percepção positiva sobre as áreas do governo seria “uma acomodação das expectativas” sobre a gestão Dilma em geral. Isso também justificaria a menor popularidade da presidenta, passado um primeiro momento de grande otimismo, na avaliação de Flavio Castelo Branco, economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que encomendou a pesquisa.

A aprovação de Dilma está em 67% e a confiança, em 65%, segundo o levantamento, feito entre 28 e 31 de julho com 2 mil eleitores. Em março, os mesmos índices eram de 73% e 74%, respectivamente. Consideram o governo ótimo ou bom 48% (56% antes). Outros 36% avaliam-no como regular (27% antes) e 12%, como ruim ou péssimo (5%).

Os resultados foram mostrados a Dilma em primeira mão pelo presidente da CNI, Robson Andrade, antes de divulgação da pesquisa. “Houve perda de uma avaliação inicial que era alta. Mas a aprovação da presidenta continua bastante elevada”, disse Castelo Branco.

A popularidade de Dilma também pode ter sido atingida por casos recentes de corrupção envolvendo ministros e autoridades. A pesquisa não fez perguntas sobre a avaliação do governo do ponto de vista ético, mas indagou aos entrevistados qual era o assunto relacionado à administração Dilma que primeiro lhes vinha à cabeça. O mais lembrado foi a crise na área de Transportes, com 21%. O segundo, o caso Antonio Palocci, com 14%.

A percepção de que o noticiário se tornou mais desfavorável ao governo saltou de 7% para 25% dos entrevistados. Já a sensação de que seria positivo e neutro caiu.

3 comentários

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