Às nossas crianças tristes

por Sulamita Esteliam

Troquei a noite pelo dia, em viagem curianga. Na tentativa, vã, de recuperar o sono perdido, passei o dia. E agora, o Poetinha me invadiu a  cabeça, e é com ele que eu vou nesta véspera do dia em que se celebra as crianças e a Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

Que ela zele por nossas meninas e nossos meninos – aquelas e aqueles que nos cercam, mas principalmente aqueles e aquelas que não sabem que têm um dia dedicado a elas, e que podem ser crianças, brincar e sorrir.

E são milhões mundo afora. Não podem exercer a expontaneidade do sorriso, por que já estão marcadas, indelevelmente, pelas agruras da vida, pela estupidez da guerra, e pela violência da miséria, material e humana.

Em homenagem a todas essas crianças, perdõem-me se soo incômoda, vou de Vinícius de Moraes e sua Rosa de Hiroshima – também na voz impagável de Ney Matogrosso.

Rosa de Hiroshima

Vinícius de Moraes

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada

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