por Sulamita Esteliam
Mateus estreia no mar, e é como se tivesse brotado, ali, na espuma das ondas. Levá-lo a tomar a benção a Iemanjá de Boa Viagem foi a primeira tarefa do dia desta avó, após o café da manhã em família. E ele, “dádiva de Deus”, se sentiu em casa.
Já na travessia para o calçadão seus olhinhos brilhavam. No colo da mãe, maravilhado, abriu o sorriso doce e apontou na direção do mar: “Vó, ó, ó…!”
Apeado do colo, experimentou a areia, saltitante e feliz. Olhava para os pés e para o séquito de mulheres que o acompanhavam na aventura – mãe, duas avós e a irmã – e ria, ria, ria…
Levado à água, era como se tivesse voltado ao conforto do ventre. Agitava as mãozinhas na água morna, agachando-se, levantando-se com a cabeça inclinada para observar o fio que lhe escorria pela sunga entre as perninhas. E soltava exclamações de puro prazer: “Ó! Ó! Ó…!”
Batizou a água, e foi batizado.
A maré seca da manhã de lua nova forma piscinas naturais entre os arrecifes e a faixa de areia. Para além do banco de pedras cobertas de algas, as ondas parecem brincar de esconde-esconde. É um convite, até para os adultos.
E Mateus observava, encantado. Peguei-o no colo, e chegamos mais perto, na ponta dos arrecifes – a mãe e a outra avó acompanharam, naturalmente. Deixei que ele sentisse o ir e vir das ondas nas pedras, recebendo nos pés o beijo da maré ainda mansa. E ele ria, feliz, como toda criança deveria ser.
Distribuiu amor e simpatia entre amiguinhos. Resfestelou-se na areia, correu com firmeza insuspeita, jogou bola com Lorena, filha da dona da barraca, mamou sua limonada, tirou um cochilo na cadeira de praia. Em seus tenros ano e nove meses, comportou-se feito garoto de praia o meu neto mineirinho.
Obrigada, Meu Pai Celestial, pela oportunidade!
Odoiá, Iemanjá, Odô, proteção!
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PS: Devo as fotos. A máquina viajou para Porto de Galinhas.