por Sulamita Esteliam
Todos os dias são dias de Natal, mas a data instituída costuma nos deixar mais comovidos, mais propensos a confraternizar, dividir, solidarizar-se. Talvez para tranquilizarmos um pouco nossas consciências. Melhor um dia do que dia nenhum, não é mesmo?
Natal, para mim, é família e os amigos queridos, que carrego no coração. É oportunidade de refletir sobre as razões de estarmos aqui, sobre a renovação, o ciclo e a finitude da vida. Pois, afinal, nascer é morrer um pouco a cada dia. E a esperança de renascer é o que nos faz seguir adiante.
Saúde, harmonia, alegria. Muita Luz.
E obrigada pela companhia.
Compartilho um poema que cometi em 2002.
Feliz Natal!
Quereres
Queria um poema que gestasse o amor
– a força transformadora que nos faz transgredir,
feito crianças em mesa de doce.
Queria um poema que falasse de esperança
– a mágica que nos leva a acreditar
que é possível renascer a cada dia.
Queria um poema que cantasse a solidariedade
– a energia que nos faz dividir a dor
e multiplicar a alegria.
Queria um poema que transbordasse paz
– essa quimera que a humanidade busca
e o homem descaminha.
Queria um poema que produzisse música,
capaz de nos aproximar dos Anjos
e de nos fazer sentir um pouco Deus.
Queria um poema que celebrasse a vida,
pois que efêmera, e preciosa rival da
violência da desigualdade.
Queria um poema sem porquês.
Porque o instante existe, já cantou Cecília
– e é o bastante, mesmo que incompleto.