Dilma na veia turbina eleição em Beagá

por Sulamita Esteliam
Dilma solta o verbo: mineira com faca na bota – foto capturada no Blog do Miro

Deixei para hoje a postagem sobre o comício de Patrus Ananias, ontem, no Barreiro de Cima – “o Comício da Virada”; a confiança é de que haverá segundo turno em Beagá – aqui. O ato contou com a presença da presidenta da República, Dilma Roussef e do seu vice, Michel Temer. Dois ministros, além de autoridades e outros candiatos locais, presentes: Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento Econômico, ambos mineiros. No Barreiro, desde 1989, o PT leva todas as eleições.

Acompanhei pela internet, ou melhor, acompanhamos aqui em casa, emocionados, embora hoje sejamos eleitores do Recife. A região do Barreiro é nosso território em Beagá: ali crescemos, eu e meu companheiro – na Região do Ferrugem, mais especificamente no Bairro das Indústrias, o primeiro bairro planejado da primeira cidade planejada do país. Planejado para abrigar os operários da Siderúrgica Mannesmann, que une a nossa Macondo ao Barreiro, cidadela-satélite, sede regional da prefeitura.

A companhia, inaugurada pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1958, foi palco, em 1968, da militância da jovem Dilma Roussef e de Nilmário Miranda; ele é ex-deputado federal e ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos no primeiro governo Lula e atual presidente da Fundação Perseu Abramo.

Dilma abriu seu discurso com essas lembranças: “Estou muito feliz por estar aqui, no Barreiro. Há muitos anos, eu e o Nilmário vínhamos panfletar aqui na Mannesmann. A gente pegava um ônibus perto da Praça Raul Soares, e vinha panfletar para os funcionários, que naquele tempo não tinham o direito de reclamar do salário achatado pela inflação. Sabe quando foi isso? Em 1968, há 44 anos…”

Nilmário foi preso, pela primeira vez, numa destas ações do MCD – Movimento Contra a Ditadura, em abril de 1968. Aliás, meu primeiro livro, Estação Ferrugem, Vozes, 1998 – único que consegui publicar até hoje – recupera essa e outras histórias; do bairro, da região operária Barreiro-Bairro das Indústrias-Cidade Industrial, onde Belo Horizonte e Contagem se confundem, da resistência à ditadura, da juventude, das esperanças…

De volta ao comício, a fala de Dilma Roussef foi empolgante. Bastante à vontade e eloquente, ela estava, como se diz aqui no Nordeste, “nos cascos”. E mandou ver nos costados do Primeiro Neto Aecim, que acusou o golpe de sua presença na campanha, des-classificando-a como “estrangeira”.

Sem citar o nome do senador nem uma vez, ela disse que “ninguém é dono de Belo Horizonte” e, dentre outras coisas, lembrou que saiu de Minas, não para passear ou ir à praia – numa claríssima alusão às baladas de Aecim no Rio de Janeiro: “saí por que lutava contra a ditadura, porque fui perseguida (…) Na minhas veias corre o sangue de Minas Gerais”.

Assista ao vídeo com um trecho do defenestramento, que capturei no Youtube:

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