por Sulamita Esteliam

Artes triplas, múltiplas, de fazer e contar histórias com criatividade, sedução, e bem traçadas letras, e traços, e panelas.
O mundo das artes tem duplo encontro marcado em Beagá neste domingo, 06 de maio. É lançamento de Depois das Seis, livro do publicitário-gourmet Edgard melo, sobre suas peripécias na publicidade e na culinária mineira, de refinado e alto e inesquecível sabor. Genin Guerra, cartunista e artista plástico de raro talento, põe na praça Água Mole em Pedra Dura, que reúne uma seleção de seu trabalho e de outros dois colegas, Ricardo Melo e José Carlos Aragão, no jornal da Amda – Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente.
Quem valoriza o criar vai ter que se dividir, ou multiplicar-se. Os dois eventos acontecem à mesma hora, às 19:30 horas, em diferentes pontos da “cidade cordial”: o livro de Edgard Melo, que é estrela desde o ano passado, é lançado no Museu Inimá de Paula, na Rua da Bahia, 1.201, Centro. Genin e seus parceiros estarão no auditório da Escola Superior Dom Hélder Câmara, na Rua Álvares Maciel, 628, em Santa Efigênia.
Claro que Euzinha, via este blogue, não deixaria de participar da festa em dose dupla, nem que seja pelo registro virtual dos acontecimentos. São parceiros queridos, com os quais pude partilhar de bons tempos de labutas mineiras do fazer jornal e jornalismo, e festas de, da e para a categoria. Tempos de convivência e partilha que guardo com carinho. É gente que sabe o que faz, que se dedicou e se dedica ao fazer bem, e fazer diferença, ademais.
Genin Guerra é um cavaleiro da utopia, um poeta do traço, como bom itabirano que é. Drummondiano. Partilhamos as páginas de O Cometa Itabirano, pasquim mineiro, editado pelo amigo Marcelo Procópio, sobrevivente de longa data.
Edgard Melo é parte das minhas memórias gustativas sobre o melhor que já provei da culinária mineira. De tanto comer, aprendi com ele o ponto do torresmo pururuca e do feijão tropeiro. Generosidade e desprendimento são alguns dos atributos do seu jeito de levar a vida, aliás, indispensáveis a quem tem amor pela arte de cozinhar; exige entrega e gosto pelo cuidar das pessoas. Era ele quem comandava a cozinha no Telegastroetílico almoço de confraternização de fim de ano para os profissionais da comunicação, oferecido anos a fio pela finada Telemig.
Entrevistei-o algumas vezes na condição de piloto da pioneira agência Asa de publicidade das Gerais. Contamos com ele e seu buffet Maison Jardim na festa de posse da diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, em 1990. Festa para 1.500 convidados, que produzi, com o auxílio luxuoso da colega diretora, Cleurice Fernandes. No menu, torresmo, linguiça, mandioca e bolinho de feijão, servidos em pleno foyer do Palácio das Artes. Ousadia.
Guardo carinho especial por Júnia Melo, companheira de vida de Edgard. Jornalista e estilista, assinava a coluna Moda é Moda no caderno Artimanhas, que esta escriba projetou e editou em curto período no jornal Hoje em Dia. Culpa de Ronaldo Solha, jornalista amigo de longa data, que me indicou; e de Tião Martins, que aceitou, e me convida, via Facebook, para o lançamento do livro de Edgard Melo.
Tião Martins foi meu editor-chefe na dupla aventura de criação do Hoje em Dia, nascido esfuziantemente popular, e de recriação do Diário de Minas, digamos Cult, em 1988. No topo da cadeia de comando estava Wander Piroli, jornalista e escritor infanto-juvenil – que imprimiu senso de realidade ao gênero, e povoou as estantes dedicadas às minhas crianças.
Tempos de efervescência do amor pela arte de fazer jornalismo em jornal – uma história ainda a ser contada, em suas múltiplas versões; eu tenho a minha, bem-guardada em minhas memórias – e que tenho vertido em texto na pretensão de um livro sobre os bastidores desta e de outras sagas dos caminhos que trilhei pela profissão. Algum editora se habilita?