por Sulamita Esteliam
Uma das coisas boas que a idade traz é aprender a lidar com o tempo, mais do que com as pessoas. Nem sempre a gente consegue.
Até porque, o que é cedo para você, pode ser tarde para o vizinho, e todos somos pessoas com direitos – embora sempre há quem considere que os tem mais do que o outro.
Há urgências que nos remetem à juventude e que nos pressionam a manter o pé no acelerador. O limite é a próxima curva. A aurora refulgente ou o abismo do esgotamento. Melhor quando se pode escolher.
Há debilidades, físicas também, que nos aconselham a usar o freio ao invés de ultrapassar. Quem não tem competência não se estabelece, dizia uma velho amigo.
Há a experiência que nos induz a sair pela porta do lado para não cruzar a cerca da civilidade. Ou do suicídio, moral ou político.
Há o saber-se acima das mesquinharias. Nem sempre quem cala consente.
E há a perplexidade que paralisa o movimento ou acomoda a soberba do existir. Até quando é uma pergunta apropriada ao contexto.
Há o momento de brigar e a hora de ceder – para recomeçar, se o caso for.
Na certeza, duvide. A certeza não contempla a inteligência.
Errar é mais honroso que omitir-se.
Na dúvida, arrisque. Recomendo o piloto automático, quando faltar o raciocínio. Funciona para o que der e vier.
Tenho um que me salva , desde sempre. Usei ontem, uso hoje, tomara compareça amanhã. É mais ou menos como surfar a onda, imagino – eu que jamais aprendi a nadar.
Prudência e caldo de galinha combinam com extrato de cana – na veia é um pouco demais …
Liberdade abra as asas sobre nós. Sempre é tempo.