por Sulamita Esteliam

Retomo hoje, antes que seja ontem, com notícias alvissareiras. Fatos que, na verdade, deveria já ter anunciado, desde quinta – parte deles, que formam o todo, desde antes… Sabe aquele movimento já tratado aqui mais de uma vez, Coque (R)EXISTE? Pois resistiu, e a resistência conquistou o direito a permanecer. Melhor, com a atenção dos poderes que podem.
Mais pedagógico impossível, em tempos de muito barulho, pouco foco e amor rarefeito.
Os jornais do dia no Recife há dias dedicam páginas inteiras, agora com mais gosto: o governador decidiu reconhecer o direito dos moradores de trinta, quarenta, cinquenta anos a permanecerem no lugar. O lugar que aterraram com seu suor, em que ergueram suas casas, construíram seus amores, fizeram e pariram suas crias, que já lhes dão descendência.
Já há opção para o traçado da mobilidade que engoliria o teto de 58 famílias. Ora, ora, ora… bastou a entidade que reúne os advogados “abdicar” do terreno que lhe fora, indevidamente, cedido pela gestão munícipe. O Coque é área de preservação de interesse especial. Não porque ali já foi mangue, mas porque há vida em forma de gente.
Bastou a OAB cair na real, pelo barulho do povo em movimento, para os governos se mexerem. Mas o ruído despertou outras gentes: o terreno, agora descobre-se, teria herdeiros privados; que, aliás, reclamam, segundo dizem, há 37 anos, outras partes de seu latifúndio urbano. O antes brejo, ora tomado pela Estação do Metrô, pela Academia da Cidade e que tais, além dos barros da comunidade daquela Ilha de Joana Bezerra.
Sim haverá novo traçado. As famílias ficam no lugar. A urbanização, finalmente, bate à porta, também para uma unidade de saúde da família, um centro esportivo comunitário dotado de biblioteca e outros equipamentos de cultura e lazer. O campinho de futebol receberá melhorias. Ruas serão calçadas. Apartamentos serão erguidos. Tudo para ficar pronto em 2015, é a promessa comprometida.
Investimentos da ordem de R$ 35 milhões, com recursos federais (habitação e mobililidade urbana) e a devida contrapartida estadual e municipal. A conferir.
Ninguém é bonzinho. O povo se uniu, gritou, fez arte e se fez ouvir.
E o governador está picado pela mosca azul. O povo sabe disso.
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PS: Enfim, ainda que com algum atraso, o propósito é: no intervalo de sete dias, desde o 11 de setembro, em comemoração aos 3 anos do A Tal Mineira, falar de boas novas, para variar. E para inaugurar, trato da minha segunda Macondo, o Recife que habito há 16 anos. Multifacetado, multicultural, multi-desigual Recife e sua parcela chamada Coque que bravamente (R)EXISTE.
E você o replica com toda a sua poesia…
Marcita, sempre generosa… Obrigada.