por Sulamita Esteliam
É em ocasiões como essas, do depoimento de Lula ao justiceiro Moro, em Curitiba, em que a gente se obriga a fazer Jornalismo Comparado, só para morrer de vergonha de ser jornalista. Isso num dia que fica para a História, queiram ou não queiram os escribas da casa-grande.
As capas dos jornalões brasileiros – alguns nem tão grandes assim -, que eu chamo de mídia venal, é de fazer corar criancinhas, se essas tivessem noção do jornalixo que aqui se pratica.
E ainda há professor que leva para a sala de aula, para ensinar a ler. Pensando bem, Jornalismo Comparado deveria ser disciplina obrigatória, desde o fundamental.
Basta confrontar com o que publicou a mídia internacional.
Moro disse a Lula, diante do que apontou números do massacre midiático, no final das considerações finais, que ele, Moro, também “apanha” dos blogues “que supostamente patrocinam o senhor”. Não deixou que ex-presidente nem a defesa respondesse.
E a mídia a quem patrocina?
Sim, doutor Moro, a imprensa é livre, mas ninguém, nem a imprensa está acima da lei. Ou só vem ao caso para blogueiros que o criticam?
O Fernando Britto, do Tijolaço publica um compacto com o que chama de “libelo acusatório de Lula“. Compartilho:
Quando você vai para o colunismo ou programas de entrevista, não é muito diferente. Há exceções dignas de nota, como já apontei aqui: o jornalista Kennedy Alencar, da CBN, e que tem blogue ancorado no Último Segundo. A análise dele nesse episódio, entretanto, vai na linha do excesso de cautela. Equilíbrio desejável para jornalista, analista pode ousar.
Todavia, reconheço que não é fácil enfrentar as feras patronais e colegas patrulheiros, quanto mais quando se foge ao pensamento único, ainda que minimamente.
Parênteses necessário: hoje não estou bem; parece que uma dessas viroses do outono/inverno nordestino me pegou. Passei o dia na cama. A cabeça mais parece uma colmeia, e o corpo se recusa a obedecer os comandos do cérebro. Pode ser que esta velha escriba não consiga manter o ritmo por aqui.
Então, inspirada em postagem do Tijolaço, via trabalho braçal do jornalista Olímpio Cruz, e no Jornal do Brasil atualizo o A Tal Mineira. A partir dos dois sítios, busquei várias capas de periódicos de países em diferentes continentes.
Deu mais trabalho do que pretendia… Mas são ossos do ofício de uma faz-tudo metida a blogueira.
Repito, a comparação é uma vergonha para os profissionais tupiniquins. E as exceções só confirmam a regra:
Agora, a mídia nativa ou PIG ou mídia venal. Note que, mesmo entre os regionais´assim assumidos, só a machete do Diário de Pernambuco está equilibrada. O outro grande jornal dos mineiros, o Estado de Minas, se mantém sabujo; a capa é idêntica à do Estadão.
Alguém que não vive sem a Globo, por vício ou necessidade profissional, há de dizer que a emissora dos Marinhos baixou a guarda. É o que li nas redes sociais.
Ledo engano. No FB, um colega jornalista, que trabalhou para os principais noticiários da Plim-Plim, postou algo assim: “A calmaria é enquanto não sai a sentença de Moro. Depois volta a bater de novo.”
Não tenho como analisar hoje o embate de Lula em busca da Justiça a seu nome, ao seu legado, à paz de sua família. Marisa Letícia já se foi, mas Lula tem cinco filhos e oito netos que sofrem com toda essa perseguição insana, que levou a avó a tornar-se estrela.
Agora, o próprio Ministério Público, que antigamente preservava direitos, mesmo de acusados, parte para a nojeira, como a de acusar Lula de usar o nome de Marisa para se safar. É uma imundície.
Desmontam a vida de uma família sem nenhuma base concreta. Só conjecturas, ilações, nenhuma prova. Mas a justiça da Lava Jato e do juiz Moro prescinde de provas. Juristas de bom alvitre concordam com Lula: é caça. E não acabou.
Compartilho o áudio do colega Luis Nassif com análise da farsa jurídica de ontem. Júlio, o maridão compartilhou.
Também compartilho desse pensamento tenho vergonha da mídia traducional que há muito tempo abandonou o jornalismo ético pelo partidário e infelizmente nosso judiciário caminha junto nessa infame caçada.