por Sulamita Esteliam
Então, a semana pipocou minha cabeça e meu coração, e acabei não conseguindo chegar aqui o blogue. É sempre assim: meu corpo-organismo me obriga a pausar para recompor as energias quando a carga torna-se demasiada
Por isso sobrevivo, creio.
Ultrapassamos 530 mil vidas perdidas neste sábado para o desleixo contra o Coronavírus – 532.949 mortes em 19.065.788 casos, segundo o Consórcio de Imprensa, com dados das Secretarias de Saúde dos Estados.
O autoritarismo corre solto, as aberrações se superam por onde passam as patas predadoras lamacentas do capiroto-presidente. Imagine no Distrito Federal, onde elas pastam cotidianamente!
Que o diga o querido Rodrigo Pilha, ativista político, militante petista, desobediente civil por natureza! Preso político com base na Lei de Segurança Nacional, desde março.
Um sujeito alegre, feliz e bem-amado em sua ativismo iconoclasta e divertido. Um jovem eterno, ciente de sua responsabilidade de cidadão e ser político, que no frigir dos ovos todos somos, queira-se ou não.
Conheci-o no segundo Encontro de Blogueiros, em Brasília, em 2012. Nos reencontramos, a última vez, em 2018, na Esplanada dos Ministérios, durante a marcha para registro da candidatura de Lula Presidente no TSE. Estava feliz feito pinto no lixo com o êxito da manifestação.
É necessário lembrar o crime de Pilha: estender a faixa de #ForaBolsonaroGenocida, com a imagem da charge censurada do Aroeira, na capital federal. Dentre todes que se manifestaram, só ele ficou detido.
Tinha lá uma sentença, por desacato, que ele não respondera a intimação porque mudara de endereço e não foi citado: sentença de seis meses, quando a infração não cabe restrição de liberdade. Habeas corpus negado.
E preso, e por que não se cala, e não se enquadra, passou por abusos, sofreu tortura e denunciou a excrescência, consigo e com os outros, do sistema prisional do país. Denunciados pela Revista Fórum (linco ao pé da postagem) e repercutido por outros alternativos.
A sentença para seu “delito” teria que ser cumprida com pena alternativa, serviços prestados à comunidade. O Código Penal já evoluiu para tal. Mas tomaram-lhe como “exemplo”. É intimidação.
Veio a progressão para regime semiaberto, cumprido um sexto da pena: saía para trabalhar durante o dia, retornava à prisão à noite. Registre-se: a rigor, o semiaberto é para apenados com reclusão de quatro a seis anos.
Passados três meses, metade da pena, requereu e obteve a progressão para o regime aberto. A companheirada celebrou, Euzinha junto.
A ordem do juiz da Vara de Execução Penal, assinada por Bruno Aiero Macacari é de 06.07.2021. Não foi cumprida até o momento em que escrevo: 23:19 horas do dia 10.
Rodrigo Pilha, um homem jovem, de 43 anos, entrou em greve de fome por seus direitos. Decisão anunciada em carta, a terceira que escreve desde sua prisão em 19 de março para denunciar a violação de sua cidadania:
“Prefiro o risco da dignidade da luta, a me pôr de joelhos diante dos ‘poderosos’ e coniventes com um sistema penitenciário dispendioso, violento, ineficiente, covarde, falido, e acima de tudo, INJUSTO! Aconteça o que acontecer, JAMAIS VOU ME CALAR DIANTE DE INJUSTIÇAS!”, pontuou, antes de finalizar a carta com a mesma frase que estampou na faixa no seu último ato público antes de ser preso: “Fora, Bolsonaro genocida.”
Mas o sábado nos traz boa notícia, que me chega postagem ao fim: ele vai ser libertado. Por que não se calou diante das arbitrariedades a que foi submetido.
Seu protesto contra o silenciamento pela Justiça, que deveria respeitar seus direitos de cidadão, repercutiu feito rastilho de pólvora.
<https://twitter.com/AliceDdos/status/1414032456810958849?ref_src=twsrc%5Etfw
Vida longa e feliz para Rodrigo Pilha, livre finalmente!
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Fontes requisitadas:
Foto de abertura: Agência PT
Revista Fórum
Pilha foi espancado e torturado na prisão
Rodrigo Pilha, preso após estender faixa de “Bolsonaro Genocida”, vai para o regime aberto
Sem justificativa, Justiça adia duas vezes a saída de Rodrigo Pilha da prisão
Pilha anuncia greve de fome contra prisão arbitrária e maus tratos na cadeia
G1