Alô, alô marciano, estás por onde?

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por Sulamita Esteliam

Ando às voltas com os preparativos para a edição de um novo livro, que entra em produção no início de outubro. Completamente absorvida pela tarefa. Fica difícil, quase impossível, prestar atenção em outra coisa, que não seja um extraterrestre.

Tem sobrado pouco tempo-espaço para leitura ou mesmo o acompanhamento dos acontecimentos deste Planeta, cada vez mais de ponta-cabeça pelo que ouço dizerem. Só sei que, para variar, estamos em guerra.

Entretanto, ainda é dia de Cosme e Damião, e os erês se encarregaram de providenciar uma vaia sob medida para o 1º ministro de Israel em seu discurso na ONU. Delegações se retirararam do plenário em protesto, e ele voltou pra casa com o rabo entre as pernas, como diria minha avó.

O Brasil se antecipou e saiu antes da entrada de Nethanyahu, em desperdício de polidez com genocida. 

Depois do desastre humanitário em Gaza, onde matou pelo menos 41mil e 400 pessoas, três quartos com menos de 30 anos, em quase um ano, Israel espande seus tentáculos para o Líbano, e diz que só pára com a vitória.

E quem pode barrar a matança, toma uísque com o sanguinário e fornece armas para que ele possa levar a cabo a sanha predadora.

Lá, os conflitos com o Hezbollah, movimento islamita que apoia a Palestina, que se mantinha ao nível da fronteira, estão em escalada e já alcançam a capital, Beirute. Os ataques a alvos do Islã já mataram perto de 700 pessoas. Números das agências mundiais de notícias, que busco esta noite.

A lembrar que tudo começou com a explosão de pagers e walkies thalkies, que eliminou membros do Hezbollah.

Provavelmente só não é mais intenso por expectativa de renovação da frota de míssil israelense pelo Tio Sam. É o que dizem os observadores internacionais, aqueles não-aliados ao eixo.

Há quem suponha que nesse detalhe residiria a trégua de 21 dias pedida pelos Estados Unidos e pela França durante a Assembleia Anual da ONU. Israel rejeita, e responde com mais fogo.

Ora, convenhamos: para acabar com a guerra é só retirar o veto à punição de Israel pelo Conselho de Segurança. Está nas mãos dos Estados Unidos. Ou, melhor, que se acabe com o poder de veto na ONU.

Que se estabeleça nova governança global é o apelo e a reivindicação, correta e soberana do Brasil, nas palavras e gestos do presidente Lula.

Vi, pelas redes, partes do discurso de Lula, que tradicionalmente abre a  Assembleia Anual da ONU, sempre muito aplaudido.

Calibrou o tom na crítica ao genocídio na Faixa de Gaza, que define como “a maior crise humanitária dos últimos tempos” e à “perigosa” expansão do conflito para o Líbano.

Israel não gostou, muito menos quando o presidente brasileiro renovou a defesa da criação do Estado palestino.

Premiado no dia anterior pela Fundação Bill Gates, da Microsoft, pelo esforço de combate à fome mundial, a partir do exemplo de seus governo, Lula voltou a dizer que a fome é o resultado de “escolhas políticas”.

No mesmo diapasão, criticou os  falsos patriotas, que pululam neste país e que em anos recentes banalizaram a violência moral e física, a agressividade, a destruição e o deboche. Também não poupou crítica às big techs “que se julgam acima da lei”.

Gosto desse Lula assertivo, sem medo de dizer o que precisa ser dito, a quem quer que seja.

No Brasil, é bom não esquecer, a beligerança é parte do cotidiano da população; sobretudo a mais pobre e preta, especialmente se mulher ou LGBTQIA.

Nesta sexta, por exemplo, houve tentativa de assassinato de uma candidata transexual a vereadora em São Paulo, em plena rodovia. E ela, Leo Áquilla, nem de esquerda é, concorre pelo MDB.

O agressor fingiu uma pane, e quando candidada e assessor desceram para oferecer ajuda, ele disparou contra ela, depois fugiu. Sorte é que é ruim de mira, e ninguém se feriu.

A verdade é que mata-se mais no cotidiano do que no massacre de Israel sobre a Palestina, e faz tempo. 

Nosso país concentra 10% dos homicídios no mundo, enquanto temos meros 3% da população global. E isso é porque o brasileiro é um povo ameno, alegre, tão bonzinho… a despeito de todos os revezes, de todas as dificuldades.

Em 2023, por exemplo, o número de mortes violentas caiu 3,4% em relação ao ano anterior, pela primeira vez em anos. Ainda assim, mataram cerca de 46 mil pessoas, número que inclui feminicídios e assassinatos na abordagem policial.

Não é obra do acaso; caiu devido a investimentos direcionados à segurança pública. Só o governo federal, Lula, aumentou as verbas aplicadas neste quesito em 8,7%. E as unidades da Federação, atribuição constitucional da segurança pública, 3,6%.

Pense num povinho sem temor de Deus, diria minha mãe: a cada 100 mil habitantes, o índice de mortes violentas com intenção de matar no país é de 22,8. É quatro vezes o índice mundial, que é de 5,8 por 100 mil, segundo as Nações Unidas.

Daí que não há porque estranhar o clima da campanha eleitoral, a menos de uma semana do primeiro turno das eleições municipais. É de dar frio na espinha.

Ao que parece, as pessoas jogam a sorte no dane-se! Não se dá a mínima sobre as consequências que a entrega das chaves da cidade e do poder de ditar regras a seres sem o menor compromisso com a vida.

É como soltar o bote na queda dágua para ver se escapa inteiro.

Algumas capitais, como Belo Horizonte e São Paulo, por exemplo – que não estão entre as mais belicosas – é de chorar. Particularmente nas perspectivas de composição das câmaras municipais. 

O foco da campanha, para variar, é no Executivo, o que é um equívoco. A vereança vai no salve-se do breu quem puder. Volto ao tema, mais detidamente na próxima postagem.

Resgato aquela canção da Rita Lee e seu amado Roberto Carvalho, “o mundo começou a pirar/tem sempre um ayatolá para falar”…

Começou coisa nenhuma, vem da origem. De fato, segue cada vez mais endoidecido, manipulando, queimando, mentindo e matando a torto e direito. E fingindo que não tem nada com isso.

O tal do ser humano é o que é, defeito congênito.

Salve Cosme e Damião! Oni Beijada! Onipé Ibeji!

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Com informações de:

Carta Capital, Brasil de Fato, Poder 360. 

Agência Brasil: Mortes violentas no Brasil diminuem 3,4% em 2023 

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