O ócio gestado e o livro em trabalho de parto

O direito ao ócio é sagrado: quem trabalha, qualquer que seja a atividade, precisa de um tempo para reabastecer as energias do corpo, da mente e da alma. A companhia de um bom livro, ao menos para mim, é essencial.


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por Sulamita Esteliam

Mudei o refrão: quando um pouco mais jovem, costumava dizer que “para descansar tenho a eternidade”. Mantenho a agitação interior e fisicamente, ainda incomodo quem nasceu e cresceu de paixonite pelo barranco.

Não abro mão da atividade física: caminho sempre que posso, na praia ou no parque, aprendo natação duas vezes por semana, faço pilates de parede, executo posições de Yoga, pratico Lian Gong há pelo menos 30 anos e danço sozinha pela casa afora.

Gosto de movimento. Até há pouco tempo, Euzinha mesma cuidava da faxina da casa, e a cozinha, além do portátil, é meu reino indevassável.

Agora que estou em processo acelerado de envelhescência, todavia, passei a encarar o ócio como uma preciosidade para a boa energia cotidiana. Embora nem sempre tenha a possibilidade do desfrute.

Com outubro chegando ao fim, e o Brasil ainda em processo eleitoral em várias capitais, passo ao largo da política, porque estou deveras envolvida no corre de fazer gosto: procedimentos derradeiros para a publicação de meu novo livro.

O título: O Livro de Dora e suas Irmãs – de afetos, fantasias, dores e silêncios.

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Publicação independente, por assim dizer. Contratei uma editora de um bom e velho amigo para cuidar do processo, depois de um ano de batalha por editora.

Nada mudou desde a publicação do primeiro livro, em 1998, quando dei sorte de ser bem-recebida por um editora, com co-patrocínio da Prefeitura de Belo Horizonte.

O segundo livro, a editora me recebeu, editou e me vendeu os exemplares, a preços supostamente de custo. Revendi-os às pessoas que se interessaram pela obra que acorreram aos eventos que promovi para lançá-lo, adquiriram diretamente comigo ou via editora e Amazon. 

Este novo livro está pronto desde o  final em agosto do ano passado. Inscrevi-o num prêmio, cujo resultado estava previsto para fevereiro, mas até hoje não se tem notícia, qualquer explicação, mesmo buscando-se informações.

Fiz algumas tentativas em editoras mais ou menos conhecidas, dessas que bancam a edição da obra. Não fui bem-sucedida. 

Recusas e/ou desconhecimento são a parte mais ativa do mundo editorial. E não têm a ver com a qualidade ou o apelo da obra, necessariamente. JK Rowlling, autora da série best seller transformada em filme, teve seu manuscrito Harry Porter e a Pedra Filosofal recusado 12 vezes.

José Saramago, escritor português, Prêmio Nobel de Literatura, também teve negada a publicação de alguns de seus livros, por diferentes editoras.

É assim que a roda gira. Não vim ao mundo para reclamar, e sim para resolver.

Desta vez, apelei para o financiamento coletivo: coloquei a obra em campanha de pré-venda, em curso até 10 de novembro. Clique no link para saber mais e participar: https://www.vakinha.com.br/5129340′

Há várias opções de aquisição e recompensas. Desde já, obrigada por fazer parte.

O Livro de Dora e suas Irmãs é um tributo à amizade, ao afeto, à liberdade e ao respeito às diferenças, à solidariedade e à sororidade. É um livro sobre o amor e a importância de ser o que se é, de trazer à tona o que não pode ser silenciado pelas conveniências.

A capa é de Marina Nadu, a caçula das minhas sobrinhas. O prefácio é da jornalista e escritora, Eneida da Costa; e a orelha da jornalista, escritora e doutora em Literatura, Ana Karla Dubiella, irmãs por escolha.

SINOPSE

Maria Dora é o centro dessa história que fala de afetos, fantasias, dores e silêncios. O ponto de partida são seus diários, entregues sob recomendação expressa para sua amiga desde a infância, confidente de uma vida inteira. Contam a saga de uma mulher simples, uma costureira, à frente do seu tempo, que desconhece preconceitos e leva a vida a trabalhar, criar sua prole e apaixonar-se. 

Quando acredita ter encontrado o amor de sua vida, é colocada diante do inimaginável, um colosso emocional que desaba sobre sua realidade, que queria multicor, transformando tudo em sombra e incerteza. Quase vai à lona, mas encontra força para deixá-lo ir atrás da própria identidade, enquanto ela se solta no mundo em busca do próprio renascer. Que mulher é essa!?  

Filha de gente simples, egressa do interior de Minas Gerais, batalhadora e gregária, ela, por assim dizer, cumpre o papel de abelha rainha da colmeia de irmãs, todas Marias como ela, que têm na mãe uma filósofa cúmplice. A vida se encarrega de mudar o rumo da saga, e as abelhas rainha e operárias são testadas ao limite de sua capacidade de produzir mel e superar perdas e desafios. 

E tudo que queriam era levar vida normal, como gente normal, que ama, trabalha, come, bebe, procria, dorme e acorda para recomeçar a rotina do cotidiano. Ocorre que, se a vida é um ciclo, que morre e renasce todo dia, como o Sol e a Lua, a vida é milagre e é perda, é um fingimento.

Histórias que falam de liberdade e repressão, de amor e rejeição, de amizade, resistência, resiliência, sororidade, acolhimento e solidariedade. Histórias de silêncios e de negações – de mulheres e homens. Histórias guardadas a sete chaves, ainda que algumas sejam como segredos de polichinelo. Histórias da vida como ela é, porque de humanidade se trata, e o ser humano, visto de perto, é assim: múltiplo e único, plural e singular, rico e miserável, corajoso e pusilânime.

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Revista e atualizada em 07.11.2024, às 10:00: inclusão do áudio da postagem.

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