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por Sulamita Esteliam
Dizem que ideia não tem dono, é de quem põe na praça primeiro. Melhor quando quem chama para si a responsabilidade do projeto que viabiliza a ideia, busca a parceria de quem tem afinidade com o berço inspirador.
“Na dúvida, ouse!” Não poderia ser outro o título do livro que conta a história do jornal Hoje em Dia, marco do Jornalismo nas Gerais – do lançamento ao início dos anos 2000.
A obra vem a público na noite de 6 de novembro deste 2025, na Casa de Jornalista, à Av Álvares Cabral, 400, centro da capital mineira. Vide imagem de abertura da postagem. Edição e produção executiva, Marcelo Freitas, Comunicação de Fato Editora.

Criativo, inovador, atrevido. Tudo embalado numa explosão de cores. As bancas de revistas exultaram. Num tempo em que os jornais no Brasil eram impressos em preto e branco, inclusive as imagens, o número zero esgotou em poucas horas.
O dia era 24 de fevereiro de 1988.
A história é contada por 15 jornalistas que viveram a experiência. E que, sua vez, buscaram as memórias de outros colegas em suas respectivas áreas para resgatar o que ajudaram a construir, alguns muito antes do HD vir à luz.














Esta velha escriba se incorporou à equipe no dia 3 de janeiro. Acabara de me demitir de O Globo, onde cobria política, e fui desafiada a criar um caderno de variedades com DNA popular. Batizei-o “Artimanhas”.
Caderno domingueiro, que estreou dia 28, seguinte à circulação do novo jornal. Foi extinto quando o HD deixou de ser popular, seis meses depois. E Euzinha migrei de volta para casa: a Editoria de Política, meu tema no livro.


O Hoje em Dia também inovou pela distribuição de seu conteúdo diário em cadernos especializados e pelos suplementos semanais voltados para o interior de Minas e pelo suplemento Brasília.
Uma ideia do nosso grupo pioneiro, surgida e alimentada em nossos encontros anuais. Na celebração dos 30 anos do lançamento do HD, a ideia ganhou a adesão da colega Cândida Lemos, que também é historiadora.
Ela convidou Denise Camarano, radicada em Brasília, para ajudá-la na empreitada. O projeto focou nas editorias , incluindo cadernos e suplementos, agregando jornalistas em suas respectivas áreas para contarem a história na perspectiva histórica.
É como diz a amiga Elma Heloíza Almeida, também radicada em Brasília, e que chefiou a reportagem do suplemento na capital federal. Feliz com o nascimento do livro, diz:
“A memória escrita se eterniza como lembrança, lição e aprendizado.”
Pesquisas e escrita levaram alguns meses. Viabilizar a edição foi um longo e custoso trabalho de parto. Alguns dos personagens, como o gentil Tião Martins, primeiro editor-chefe, e o inesquecível César Ferraz, primeiro editor de política, nos deixaram em meio à jornada. Estão eternizados na história contada.
E o título, é preciso dizer, é justa homenagem ao jornalista e escritor que, sem dúvida, cedeu ao HD original sua alma criativa e libertária.
Onde estiver, Wander Piroli, provavelmente, mira a fumaça imaginária do charuto, saboreia a lembrança de uma boa cachaça, e abre seu sorriso maroto para confirmar: sem dúvida, ousar é o melhor conselho.
O tempo não dá meia volta nem pede licença.
Se você pára, ele não lhe incensa;
lhe atropela ou lhe escolta.
Gostei.
Se puder, e se quiser, leia também:
…O velho filósofo não compreendido Raul (Raulzito Seixas) já teria dito que “quem não tem presente, se conforma com o futuro!”…