Lula e o Brasil, presente e futuro

Por Sulamita Esteliam

É praxe quando um governante deixa o posto, conceder várias entrevistas-balanço sobre sua gestão. Há uma curiosidade natural, também, com o destino do personagem que viveu quatro, oito anos sob os holofotes – para o bem ou para mal – a partir do momento que passa a faixa. Com Lula não é diferente, quando mais que deixa o governo com extraordinários 80% de aprovação popular e, ao que tudo indica, fazendo sua sucessora. Capital político que ele pretende usar para convencer o PT e os partidos aliados a aprovar a reforma política, que lamenta não ter conseguido viabilizar em seu governo.

A Agência Carta Maior, portal de esquerda criado no Fórum Social Mundial, fez entrevista exclusiva o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva , que publica na íntegra em duas postagens: na primeira parte, o tema central foi a comunicação e destaca o compromisso das esquerdas com a América Latina. Na segunda, o desenvolvimento do país em seus oito anos de governo é o foco. Dentre outras coisas, Lula observa que “se eu tivesse seguido a política de Fernando Henrique, o Brasil tinha quebrado”. E “resume o Brasil que vai às urnas” no próximo domingo: “Acabou o tempo em que a casa grande dizia o que a senzala tinha que fazer, acabou” – diz.

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Feita pelo sociólogo e doutor em Ciência Política, Emir Sader, colunista de Carta Maior, a entrevista teve como convidados os dois principais jornais de esquerda da América Latina: o argentino Página 12 e o mexicano La Jornada. Os dois jornais mandaram seus principais jornalistas para a empreitada. Os entrevistadores deixaram o Palácio do Planalto impressionados com o amadurecimento político de Lula.

Transcrevo, abaixo, parte do relato que o professor Emir Sader, em seu blogue, faz do encontro, sob o título “Lula: nordestino, operário, brasileiro”.

(…) Pois é Lula, imigrante nordestino, operário, que personificou esses 8 anos importantíssimos para resgatar o Brasil, rebaixado e avacalhado por Collor e FHC. Para resgatar o Estado brasileiro, um modelo de desenvolvimento econômico e social que permite, pela primeira vez, diminuir a desigualdade social no país mais desigual do continente mais desigual do mundo, para levar adiante uma política internacional soberana, centrada no Sul do mundo.

Lula sai mais fresco do que quando entrou no governo. Dinâmico, mais experiência, com ar de estadista, de construtor de um projeto hegemônico, com um profundo sentimento brasileiro e latinoamericano, com amor pela África, com o orgulho de que o povo brasileiro o sinta como um deles, com o sentimento de voltar para São Bernardo e tomar umas biritas com os mesmos amigos que deixou quando veio a Brasília se tornar o primeiro presidente operário, o primeiro a eleger seu sucessor, o primeiro a promover a eleição de uma mulher como presidente do Brasil.

Esse é o Lula que encontramos ontem – cuja entrevista pode ser lida integralmente na Carta Maior -, que vota no domingo em São Bernardo, para onde irá Dilma, depois de votar em Porto Alegre, viajando ambos no final da tarde para Brasília, esperar os resultados que devem consagrar nas urnas o melhor governo que o Brasil já teve e apontar para a consolidação da construção de uma sociedade justa, solidária e soberana. Esse Lula, a encarnação mesma do brasileiro, do que de melhor têm os brasileiros, essa Dilma, que representa a trajetória digna de uma militante da luta contra a ditadura, de construtora desse Brasil pelo qual lutávamos e continuamos lutando, mudando os métodos de luta, mas nunca mudando de lado – como ela gosta de destacar.

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