por Sulamita Esteliam

Sei que vocês esperavam algo em torno da decisão do STF, ontem – que, por oito votos a dois, descriminalizou o aborto de anencéfalos. Decisão sensata. Nenhuma mulher merece ser obrigada, por lei, a carregar a morte na barriga; é tortura. A decisão de interromper ou não a gravidez de um feto sem cérebro, agora, cabe à ela, mulher. Demorou.
Concordo com a manifestação do voto da ministra Carmem Lúcia: “qualquer que seja, não é uma opção fácil; qualquer delas é carregada de dor”. E é de dor que se trata; não vai ficar menor, porque está legalizada. Apenas se poupa o agravamento do calvário – físico, psicológico ou a penalização da escolha.
A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil soltou nota, criticando e lamentando a decisão. Poder-se-ia dizer que bispo não pare, não sabe o que é dor do parto, que dirá a dor do aborto. Bispo católico, também não é pai – pelo menos teoricamente – nem companheiro da mãe de um filho natimorto; não pode ter o ideia do que seja.
Falam de dogmas. A CNBB cumpre o papel dela, de instituição religiosa, não obstante.
Mas o papo aqui não tem nada a ver com fé ou com igreja, qualquer uma. Trata-se de estado de direito. E o Estado é laico.
Trata-se, também, de direito à vida, sim – da mulher; do direito ao livre arbítrio – aqui e aqui, no blogue, tem mais sobre o assunto.
Por enquanto, fico por aqui.
Até porque, hoje é sexta, ainda.
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Pela blogosfera, a repercussão:
Movimento feminista aplaude decisão do STF – Vi o Mundo
Ampla maioria aprova a interrupção da gravidez de anencéfalos- Carta Maior
Incrível que isso esteja acontecendo em 2012 e que a reação hidrófoba das igrejas seja tão violenta, como se não fossem mais de 90 países que já tivesse garantido esse direito às mulheres! Que país é esse?!