por Sulamita Esteliam
Nosso trabalho se cruzava quando havia eleições, e os esforços da redação se convergiam para o assunto principal. No espaço de tempo em que frequentamos o mesmo local de trabalho, houve duas, cuja cobertura ficou sob a responsabilidade desta, hoje, reles blogueira: municipais de 1988, que elegeram Pimenta da Veiga (PSDB) em Beagá, e Luíza Erundina, então no PT, em São Paulo; e as eleições de 1989, que levaram Lula (PT) para o segundo turno em disputa com Collor de Melo (PRN).
Neste último pleito, só coordenei a cobertura do primeiro turno; no segundo, depois de curto exílio político-sindical em Contagem, retornei à minha base sob mandado judicial, mas havia ordens expressas para não me darem trabalho. Fiquei na redação a ver navios, enquanto o povo se matava de trabalhar. O conceito de assédio moral ainda não estava desenvolvido, então. Enfim, águas passadas, que já não movem moinhos.
Troquei Beagá por Brasília, depois Fortaleza e Recife, e nunca mais vi Luciane. Há coisa de três anos, nossos caminhos se cruzaram, novamente, desta vez, pela Internet, via Facebook. Passamos a trocar figurinhas, virtualmente.
Devo a ela uma visita. Por isso, não posso cobrar de nossos antigos colegas, residentes na terrinha, que tirem um tempinho num fim de semana, ou outro dia de folga qualquer, para dois dedos de prosa com Luciane. Posso sugerir, entretanto; inclusive ao nosso pessoal do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais.
Pedi que Luciane escrevesse algo sobre sua rotina para eu publicar no blogue. Ela enviou, incontinenti – em ritmo de jornal diário -, a crônica a seguir:
O tempo
por Luciane Almeida
Todo dia acordo cedo para trabalhar. Corro e corro. Sou jornalista. Trabalho em uma TV em Belo Horizonte. Não tenho Natal e nem festa de fim de ano. Estou sempre de plantão. A vida corre, não vejo as horas passar. Não tenho tempo para passear, pois é só trabalho.
Chegou um dia em que eu tive um AVC. Agora estou aposentada. Tudo é tranquilo até demais, e saio apenas para as consultas médicas. Como as horas demoram a passar, tenho tédio, sinto falta da correria.
Agora tenho todo tempo do mundo, mas não posso viajar sempre. Uma vez ou outra, e olhe lá. Tenho tédio. Escrevo poesias e crônicas para passar o tempo. A NET me ajuda muito. Estou focada na minha recuperação. Já estou andando e, aos poucos, chego lá. Confio em Deus, vou superar esta luta.
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Revista e atualizada às 15:00
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