O Marco Zero, com o Parque das Esculturas ao fundo – PCR/Turismo
Sempre que alguém vem nos visitar no Recife, se é a primeira vez, levamos para conhecer o Antigo, a partir do Marco Zero. E apresentamos, do outro lado do estuário, o Parque das Esculturas de Francisco Brennand, com seu falo voador, suas ninfas vigilantes, pássaros, ovos, serpentes e outras figuras paleontológicas. É imagem que impressiona.
A chegada por terra entre o rio e o mar
Mas, se a pessoa ou o grupo tem boas pernas, e razoável disposição, costumamos fazer uma proposta indecorosa: caminhar pela praia, logo cedinho, atravessar o Pina, ganhar Brasília Teimosa pela orla, cruzar o Buraco da Veia, em meio à fumaça dos churrasquetos, sem pejo. Com direito a pausa para água de coco ou suco de cevada – combustíveis para vencer mais dois dos cerca seis a sete quilômetros de caminhada desde Boa Viagem, margeando o paredão que ancora o mar; e tomando respingos das ondas que estouram no dique de pedras.
Parte das esculturas do parque, d’onde se avista o Porto do Recife – Foto: PCR
Tudo para ver de perto, e tocar, a arte de Brennand, no mesmo Parque das Esculturas. E, de cá, apreciar o Marco Zero e o Recife Velho, do lado de lá. É impagável.
O retorno, quase sempre, nos pega com o sol, indo a pino. Boa desculpa para, quando a manhã caminha para a tarde, uma parada estratégica no simpático restaurante da antiga Casa de Banho; que só funciona a partir das onze. Suspenso sobre as águas do estuário, tem um pier que recebe os visitantes que chegam de barco vindos do continente, onde tudo começou. Ali se come frutos do mar e um peixinho, honestos, servidos com fartura, e com preços que não assombram.
Claro, tudo regado à cervejinha básica, bem gelada. Quem aprecia, pode pedir cachaça, que a casa dispõe de algumas boas marcas das Geraes – de Pernambuco e da Paraíba, também. Em qualquer dos casos, melhor avisar que não se quer gelada. É hábito da terra servir pinga de geladeira. Euzinha, mesmo, detesto.
Acabei soltando os dedos e viajando no meu passeio favorito nestes quase 16 anos de Recife. Mas a intenção primeira era postar mais um atentado poético que recebo de Jomard Muniz de Britto e sua generosidade grandiosa. Com autoridade e perspicácia, traduz Brennand e sua arte para nós pobres mortais incultos. No mote de documentário sobre o artista, dirigido pela sobrinha-neta, Mariana Brennand, lançado nesta sexta, só para convidados; por enquanto.
A Oficina Brennand, no bairro da Várzea, é uma galeria a céu aberto – Foto capturada no sítio do artista
COSMOLOGIA além dos tremores
Jomard Muniz de Britto, jmb
A majestosa Torre de Cristal e o Parque das Esculturas celebram os 500 anos de Brasil