por Sulamita Esteliam

Singular a postura do juiz, Leandro Bittencourt Cano, na formulação da sentença que condenou a 20 anos de prisão o policial militar reformado e advogado, Mizael Bispo, pelo assassinato da jovem advogada Mércia Nakashima, sua ex-namorada, em 23 de maio de 2010. O julgamento, o segundo transmitido ao vivo no país, foi encerrado na tarde desta quinta-feira, 14, em Guarulhos, São Paulo.

“Muitos crimes são praticados em nome do amor. Mas, que tipo de amor é esse? Quando é amor o que se sente, não há o mínimo desejo de se livrar da pessoa amada. O sentimento amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, esse faz sofrer.”
Mais do que a condenação em si, numa pena que, a rigor poderia chegar a 30 anos, no limite da lei, chama a atenção, ao final, os termos que o magistrado usa na explicitação da dosagem da sentença. Revela-se, para além do juiz, o homem, em toda sua humanidade; capaz de sentir na pele a dor alheia, sem desviar-se da responsabilidade da investidura da toga.
Prova de que razão e sensibilidade podem andar juntas com a Justiça. Dir-se-ia que não se fazem mais juízes como antigamente. Ainda bem.
Vale à pena assistir ao vídeo (tentei incorporá-lo, mas não consegui). São 18 minutos e alguns segundos.
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Um comentário sobre “Não se mata por amor, mas por instinto de posse”