por Sulamita Esteliam

Ainda palpitando de alegria pela vitória do meu Galo na Libertadores, não vou me alongar além da conta, mas registro o feito de garra, raça e sofrimento – ainda que tardio. Haja coração! Em nenhum momento duvidei, mas discordo de quem acha que tem que ser sempre assim, que a dificuldade enobrece a conquista.
Lembro-me que na primeira fase, um engraçadinho chegou a postar no FB que já estava ficando sem graça ser atleticano, pois o Atlético Mineiro só colecionava vitórias… Língua de trapo dos diabos. Pior é que o cara é meu amigo. Já não basta os seca-pimenteiras adversários, ou mesmo aliados de ocasião? Vade!
De qualquer forma, está feito, aos 105 anos de fundação: é a primeira, na 53ª competição das Américas desde a inaugural, em 1960. E em cima do paraguaio Olympia , três vezes campeão (1979, 90 e 2002).
Até a presidenta da República comemorou, em nota oficial, ela que vive assoberbada no duro ofício de dirigir nosso país. Agora o Brasil sabe, Dilma é Galo desde criancinha.
A turma do contra, a do futebol – como um certo comentarista de TV, de sotaque carregado no errre … – falou que o Galo Doido seria “um cavalo paraguaio”. Ora, ora, o Corinthians de tantas glórias em terras tupiniquins, só ganhou a Libertadores em 2012, dois anos após o centenário.
Outro alvinegro, o Santos, o primeiro a conquistar o título lado brasileiro, foi bi em 1963 e voltou a segurar a taça em 2011. A exemplo do uruguaio Peñarol, que levou a primeira Libertadores e soma cinco campeonatos, o último em 1987. O São Paulo também foi bi-campeão, só que 30 anos depois, e ganhou mais uma em 2005.
Nosso arqui-rival Cruzeiro, justiça seja feita, chegou bem antes, em 1976, e tem mais uma, a de 1997. Grêmio e Internacional também ergueram a taça duas vezes, respectivamente em 1986/1995 e 2006/2010.
Os outros brasileiros que experimentaram o doce sabor de ser campeão das Américas são, pela ordem, Flamengo (1981), Vasco (1998) e o Palmeiras (1999), do neurocientista internacional Miguel Nicolelis, que é gênio, mas também ama futebol, e ontem saudou a massa atleticana no Twitter. Nicolelis é paulista, e tem um projeto espetacular de nanotecnologia e inclusão na periferia de Natal/RN.
Sim, na Libertadores os reis são los hermanos argentinos. Quem é aficcionado do futebol sabe, são 22 vezes campeões: sete com o Independiente (1964/65, 1972 a 75 e 1984); seis com o Boca Juniors (1977/78, 2000/01, 2003/04 e 2007); cinco com o Estudiantes 1968/69, 1970/72 e 2000; Racing Club (1967), River Plate (1986), Argentino Júnior (1985) e Vélez Sárfield (1994). Ufa!
Aqui a história da competição e seus campeões. Se já conhecem, é só não clicar.
Junto minhas desculpas pela ausência de ontem: estava concentrada para o grande embate. E hora tardia hoje. É que me enrolei todinha no manto do contentamento, que nubla o raciocínio.
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PS: Em meio à comemoração uma notícia triste, que soube via Twitter da @comunique-se: dois radialistas morreram em decorrência de acidente na BR 040, próximo a Felixlândia, região Central de Minas, a 180 km de Beagá. O locutor esportivo Maurício Leandro, e o comentarista Fernando Brettas, da Rádio Mega FM 90,9, retornavam ao Distrito Federal, após a cobertura do jogo no Mineirão – aqui.
A pergunta é: por que pegar a estrada à noite, depois de exaustivo dia de trabalho? Será possível que a emissora não reservou hospedagem para seus profissionais por mais um dia?

