por Sulamita Esteliam

Por mais que tentemos racionalizar ou espiritualizar, não é fácil lidar com a morte. Nem mesmo com a ideia de que ela possa nos rondar, cotidianamente. Basta estar vivo, diz adágio popular. Ninguém vai de véspera. É única certeza da vida.
Poderia ficar aqui a noite toda a compilar filosofias e ditos em torno da implacável senhora. Mas o que me leva ao tema é o registro da passagem de um bom companheiro para o lado de lá. Soube ao ler os jornais pernambucanos do dia: Aldo Lorêto, radialista, sindicalista e militante de esquerda, é estrela, aos 57 anos.
Internado para tratar uma pneumonia e de anemia, descobriu-se que tinha câncer no sistema respiratório. Não resistiu. Seu corpo foi velado em Santo Amaro e hoje pela manhã enterrado no Cabo de Santo Agostinho, no jazigo familiar. Minha solidariedade à família.
Trabalhamos juntos na Secretaria de Comunicação da Prefeitura, em minha rápida passagem por lá. Foi durante a primeira gestão do PT na cidade, com João Paulo à frente. Era locutor dos bons, e durante muitos anos foi mestre de cerimônia de festas públicas, campanhas políticas e sindicais Recife e Pernambuco afora. (A CUT PE divulgou nota de pesar) .
Aldo um homem brincalhão, embora de poucos sorrisos, generoso e bem-resolvido com os volteios da profissão e da política. Sempre que me identificava de cima do palco, vinha ao meu encontro, depois de encerrado o trabalho. E sempre provocava: “E você, quando vai assumir a voz…?” Achava que eu levava jeito para locução.
Fazia bom tempo que a gente não se via. Creio que a última vez que nos falamos foi no início de 2010, ainda assim por telefone. Deixei de frequentar os mesmos círculos, por razões que não vale à pena mencionar. Não tive mais notícias dele, nem soube que adoecera nem mesmo o que andava fazendo e por onde. Antes de hoje.
Que descanse em paz e ao abrigo da luz.