por Sulamita Esteliam

Os jovens brasileiros acreditam que podem mudar o mundo, e que as ruas são um bom caminho. Disso não têm mais dúvidas, nem nos deixam tê-las. Pois, semana passada, a Secretaria Nacional da Juventude da Presidência da República divulgou pesquisa que pretende traçar perfil e desejos da juventude verde e amarela, azul e branca.
Então, aguenta que o 07 de Setembro vem aí …
Curioso é que a sondagem foi encomendada e realizada antes (abril/maio) de a voz das ruas deixar governos e instituições surdas e baratinadas, tamanho eco e profusão de gritos e bandeiras. Boa parte delas detectadas pelo estudo referido, com todas as suas contradições e idiossincrasias da faixa etária consultada – 15 a 29 anos.
Por exemplo, a maioria dentre os ouvidos repudia partidos e qualquer tipo de associação que não sejam ambientais e clubes recreativos. Por outro lado, acha que a política é maneira de fazer as coisas acontecerem, para além da participação nas eleições. Mesmo assim, os menores pretendem se alistar para votar aos 16 anos, como faculta a lei.
Listam a desigualdade social, as drogas, a violência e a política como assuntos a serem debatidos. Todavia, destacam a possibilidade de estudo, a liberdade de expressão e a estabilidade econômica como o que existe de mais positivo no país.
Em contrapartida apontam a segurança, o emprego e a saúde como preocupações centrais e a corrupção como um dos problemas que mais incomodam no Brasil.
Clique para conhecer a íntegra da pesquisa.
A própria secretária Nacional da Juventude, Severine Macedo, reconhece que a violência é um grave problema: “Não dá para fechar os olhos em um país onde, por ano, em torno de 27 mil jovens – mais de 70% deles negros e pobres – são assassinados. Então, sem dúvida nenhuma, é a nossa prioridade”, disse à Agência Brasil, quando da divulgação da pesquisa, no último dia 08.
Os resultados da pesquisa apontam para a urgência da demanda por políticas públicas para os jovens no país. Aliás, nesta segunda, 12, dia em que se celebra a juventude, internacionalmente, o Governo Federal lançou em João Pessoa/PB o Programa Juventude Viva, em parceria com o governo local. O investimento é de R$ 70 milhões em ações culturais, lazer e formação profissional.
A Paraíba e sua capital, já indicou o Mapa da Violência 2013, estão no topo da lista da violência homicida contra jovens negros no país – conforme já publicamos aqui no bloque. Além de João Pessoa, estão no foco os municípios de Bayeux, Campina Grande, Santa Rita, Cabedelo e Patos.
O programa é coordenado pela SNJ e pela Seppir – Secretaria de de Políticas Públicas pela Igualdade Racial. Alagoas foi o primeiro estado a recebê-lo, ainda em 2012. A Paraíba é o segundo e na sequência vem o Distrito Federal, em 30 deste mês. Depois e ainda este ano, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, Bahia e Espírito Santo.
Demorou.
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Enquanto isso no Recife, os estudantes da Frente pelo Transporte Público PE, movimento pelo passe livre aqui, levaram uma rasteira da bancada do governador Eduardo Campos que enterrou a CPI dos Transportes Coletivos antes que ela fecundasse. A oposição, minguada, promete reagir – aqui e aqui.
A instalação da CPI foi o principal mote da ocupação da Câmara pelos jovens na semana passada – aqui.
Pergunto aos meus botões: por que será que nenhum dos vereadores que apoiam a causa (do PPS ao PT), todos velhos de estrada, não explicam aos jovens que essa CPI e a Lei do Passe Livre têm que ser gestadas e paridas na e pela Assembleia Legislativa?
Ora, se o Consórcio Grande Recife, que controla as concessões do transporte rodoviário é metropolitano, os edis de cada comarca não podem legislar sobre a outra, nem mesmo meter a colher nos negócios ou malfeitos do vizinho. Não lhes parece óbvio!?
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