
por Sulamita Esteliam
Quem caminha pela orla de Boa Viagem, a partir da Pracinha de mesmo nome, onde está plantada a Igrejinha onde tudo nasceu nestes sítios, no sentido do Pina ou bairro-cidade, há de perceber certos edifícios que contam, alguns gritam, o tempo. Nenhum deles é mais singular do que o Edifício Caiçara.

Recoberto de partilhas verdes, tom sobre tom, e “viezes” multicoloridos, meio casa, meio castelo, dá vontade de voltar a brincar de bonecas… Ou descolar ali um cantinho para viver, eu que adoro relíquias – há quem me acuse de fazer de onde eu moro um museu familiar …
Tem, talvez, oito, doze, apartamentos. Três andares em duas alas separadas por uma pequena torre. Mas nunca, em minhas andanças, vi na fachada um plaquinha de aluga-se ou mesmo vende-se.

Pois foi comprado o prédio inteiro e, na calada da noite, uma de suas alas veio abaixo. É a notícia estampada na capa dos jornais da terra, há alguns dias. O horror geral barrou a vilania, temporariamente.
É Imóvel de Preservação Especial para o município e para a memória do bairro, da cidade – aqui. O processo de tombamento no Patrimônio Estadual, não obstante, deu em nada. Falta o aval do governador. Ainda assim veio abaixo, parcialmente.

Segue na trilha do destino de tantos outros… O Hotel Boa Viagem, por exemplo, que deu lugar a duas torres gigantescas a afrontar a Igrejinha nascedoura. O antigo Castelinho, que, embora preservado pela ação da Prefeitura, é engolido pela suntuosidade das torres gêmeas precursoras da dilapidação em curso…
Estou no limite do cansaço, mas precisava registrar – até para não dizer que não bloguei hoje. O blogue Direitos Urbanos tem os detalhes. Clique para ler.
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