por Sulamita Esteliam
Há coisas inexplicáveis até para os botões mais concentrados. Outras perceptíveis até demais. Uma delas é fazer o jogo, quando se sabe que o jogo é jogado e lambari, quem já foi criança, e tomou banho de rio ou açude, sabe … é pescado com peneira.
E cá estou desviando o rumo da prosa que quero postar aqui, conforme prometi no texto anterior – ou talvez nem tanto… É que está assim de assunto na fila de espera, embaralhando os neurônios e atropelando o dedilhar das teclinhas… Síndrome da abstinência, eu diria.
Bom, mas o assunto é acesso à leitura literária, o direito à biblioteca e à cultura. Quero falar de três ações embutidas na IX Bienal Internacional do Livro em Pernambuco, no ar desde a sexta-feira, 04 e até o domingo, 13, no Centro de Convenções, ali onde o Recife faz a curva para Olinda – aqui a programação completa.
Produzida, pela Cia de Eventos, a Bienal traz 130 convidados e um sem-número de atividades. Mas oferta poucos títulos, segundo quem a visitou no fim de semana; ainda preciso conferir. Retrato, talvez, do boicote da Associação de Livreiros PE, que reivindica a paternidade da feira, e promete fazer a sua própria. Mas aí são outros quinhentos …

No ventre da nave-mãe, há ações paralelas, apoiadas pela Bienal. Uma delas é a contação diária de histórias, em três turnos, promovida pela Releitura – Bibliotecas Comunitárias em Rede da Região Metropolitana do Recife, no estande 180 da Rua 8 – aqui.
Um trabalho coletivo, em esquema de revezamento de mediadores. Os mesmos que fazem a roda girar nas hoje 10 bibliotecas da Rede, que existe desde 2007 e começou com quatro bibliotecas e nenhum patrocínio.
Há três anos está no Programa Prazer em Ler, do Instituto C&A, que dá alguma segurança, mas não garante a sustentatibilidade cotidiana. No mais, nada ou o equivalente ou quase de políticas públicas – aqui.
E lá no estande da Releitura é possível encontrar literatura infantojuvenil de qualidade. Obras e/ou autores/as não inseridos na programação-mor, que ali encontram espaço para oferecer sua criação ao público leitor. Ouve-se história, compra-se o livro, e de quebra contribui-se para a Rede, que recebe uma pequena parte do arrecadado.
Parêntesis: nas livrarias ganha a editora, o autor só fica com 10% do preço de venda – o estreantes recebem o pagamento da primeira edição em livros; ou o livreiro garfa acima de 50% da produção independente. É assim que funciona.
Alguns dos livros à mostra teriam sido, na verdade, desconvidados. A exemplo de O Menino Balão, da escritora Fabiana Coelho – saiba mais aqui. Li o livro, que é ilustrado por Libório Melo, presenteei-o aos meus netos-crianças e a outras crianças; todos amaram. Assim, digo sem pejo, ainda que se trate de dois amigos queridos, perdeu a Bienal.
Saiba como adquirir o livro aqui.
O papel das bibliotecas
Outra ação abrigada é o II Encontro de Bibliotecas Públicas em Pernambuco, que começa nesta terça, às 17 horas, no Auditório Beberibe, com abertura inserida na programação geral. A experiência colombiana em políticas públicas de bibliotecas – para promover a leitura e construir leitores – é o tema da palestra inaugural.
Na mesa, as bibliotecárias e educadoras Silvia Castrillón, esta também escritora, e Luz Estela, diretora do Sistema de Bibliotecas de Medellin. Debate mediado pela também bibliotecária, Cida Fernandez, do Centro de Cultural Luiz Freire, e consultora do Instituto C&A.
Antes, na parte da manhã, e a convite da Releitura, que as trouxe a Pernambuco, Castrillón e Luz Estela charlan na Biblioteca Multicultural Nascedouro, em Peixinhos, na fronteira do Recife com Olinda. Na segunda, Estela visitou a Biblioteca Popular do Coque, na comunidade de mesmo nome, em Joana Bezerra, área central do Recife. A conversa se deu, também, na Biblioteca Amigos da Leitura, no Alto José Bonifácio, região de Casa Amarela, Zona Norte – aqui e também aqui.
A iniciativa do Encontro de Bibliotecas é da Releitura, que tem patrocínio do Instituto C&A, via Programa Prazer em Ler. Nesta edição, a organização do evento é da Comissão Intersetorial em Defesa da Biblioteca, do Livro e da Leitura, da qual é parte a Rede de Bibliotecas, com apoio da Bienal. Tem parceria com outras organizações da sociedade civil e também de poderes públicos nos três níveis.
Mostrape no Círculo de Ideias
Quem gosta de conversa inteligente não pode perder a programação da produtora Nós Pós no Círculo de Ideias da Bienal. Bate-papos interessantes com profissionais de literatura, produção cultural, crítica literária, e editoração fazem O Mostrape 2013 esta semana. Boa sacada.
Começou hoje e vai até a sexta, 11. No Teatro Ribeira, sempre às 15:30 horas. Clique para conhecer a programação completa.
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Postagem revista e atualizadaem 08.10.2013, às 7:17 e dia 09.10.2013, às 6:23.