por Sulamita Esteliam
Povo cidadão é povo bem informado, é povo feliz. Pois foi baseado na Lei do Acesso à Informação que os pernambucanos conseguiram emplacar mais uma sobre os poderes constituídos no estado. Este ano, rompe-se uma tradição e, pela primeira vez, não haverá camarotes oficiais no Carnaval do Recife.
Governo do Estado e Prefeitura Municipal negam, mas a decisão se deu após o movimento Direitos Urbanos protocolar pedido de informação sobre os gastos e critérios para acesso aos camarotes no Marco Zero e Galo da Madrugada, partilhados. O governo estadual cancelou, também, o camarote da Torre Malakoff, na Praça do Arsenal.
Nada de mordomias para governantes e convidados VIPs, com cabeleireiro, maquiador, espumante, frutos do mar, frios e que tais. Tudo pago com o meu, o seu, o nosso dinheirinho…
Nada, também, de desfile de candidatos caça-votos em palanques privilegiados. Em gestões siamesas que se orgulham de cumprir metas de segurança, é uma boa oportunidade de testar as ruas, bem junto ao povo.
Não que a gestões Dudu Campos/Gegê Juju tenham inaugurado a folia diferenciada, com verba pública. Todos que passaram pelas respectivas cadeiras municipal e estadual fizeram a festa, e se locupletaram em maior ou menor grau, junto com o seus. Se estivessem no poder teriam que responder às mesmas perguntas – clique para ler.
A diferença é que agora, cidadãs e cidadãos têm o respaldo da lei para perguntar, e aprenderam, ou estão aprendendo, a valer-se do direito. Semanas, antes, aliás, o grupo Direitos Urbanos criou evento no Facebook, organizando o protesto #Tôpagano, quero minha vaga no camarote VIP.
Outras perguntas precisam ser feitas, uma vez que o cancelamento se dá na antevéspera da folia. Os camarotes estão montados, os empenhos estão feitos, e aí? A prefeitura diz que a agremiação do Galo, a quem transferiu o camarotes, vai arcar com os custos – que seriam bancados com a venda de ingressos – aqui. O Tesouro seria, então restituído? A ver.
E o rega-bofe dos outros camarotes, vai pra quem e para aonde? Vai ser distribuído para os agentes de segurança? Sim, porque, segundo o governo, esta vai ser a utilização da estrutura do ex-camarote VIP do Marco Zero/Armazém 12. E os brioches antes destinado à Torre Malakoff, serão arremessados aos foliões do populacho?
Não é a primeira polêmica na qual governo e prefeitura se metem neste Carnaval. E não é o primeiro recuo.
Voltou atrás na ideia da folia com toque de recolher, depois que o #CarnavalCinderela – aqui e aqui, neste blogue – ganhou as redes, os plenários das câmaras municipais e a boca do povo:
Ganhou vida com a Rural Willis dissonante de Renoir. Aí baixou a repressão em forma da PM da Secretaria de Defesa Social, de Dudu Campos, mobilizada pela prefeitura, de Gegê Juju, com base no toque de recolher.
Um #OcupeAurora, convocado via redes, reuniu centenas de barrados do #CarnavalCinderela de Gegê Juju e recolocou as coisas em seus devidos lugares.
É assim, com cidadania mobilizada, que se desfaz o se-colar-colou, que parece ser o mote da nova política encarnada pela dobradinha socialista.
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Postagem atualizada em 27.02.2014, às 8:58 horas.
